- mell280
10/12/2025 14h55
Pesquisadora Ieda Mendes é homenageada com o Prêmio JK na categoria Agro
A pesquisadora da Embrapa Cerrados Ieda Mendes recebeu nesta terça-feira (9) o Prêmio JK, iniciativa criada este ano pelo Correio Braziliense para reconhecer personalidades que contribuíram para o desenvolvimento de Brasília. Ela foi agraciada na categoria Agro. A cerimônia ocorreu no auditório do Tribunal de Contas da União (TCU).
“Nasci nesta cidade e estou muito feliz com essa homenagem. Feliz por representar a Embrapa, que é uma empresa que dá orgulho a todos os brasileiros, e pelo nosso trabalho com saúde do solo, desenvolvido aqui no nosso quadradinho, no DF, e hoje reconhecido não só no Brasil, mas internacionalmente”, afirmou.
Ieda também destacou o caráter simbólico da premiação, já que, neste ano, a Embrapa Cerrados comemora 50 anos de criação. “Fico muito feliz em representar a Embrapa Cerrados quando ela completa 50 anos, uma unidade que permitiu a incorporação do Cerrado ao processo de produção agrícola, desenvolvendo tecnologias no DF que impactaram em todo o País”, disse ao receber o troféu.
A seleção dos homenageados foi feita pela redação do jornal e contemplou 16 categorias, entre elas: esporte, cultura, sustentabilidade, agro, empreendedorismo, educação, direito e justiça, indústria e tecnologia, inclusão e voluntariado, saúde, gestão pública, turismo e eventos, comércio e serviços, entidade de classe, inovação e economia criativa. Além dessas, houve quatro homenagens especiais a personalidades com atuação de destaque em diversas áreas.
Referência nos estudos de saúde do solo
“Para quem tem paixão por desafios, trabalhar na Embrapa é tudo de bom”, afirma a pesquisadora. Há 36 anos na instituição, Ieda começou como estagiária aos 20 anos. Em 1989, aos 23, foi contratada como pesquisadora no primeiro concurso público realizado pela Unidade. Quatro anos depois, iniciou o doutorado em Soil Science pela Oregon State University, nos Estados Unidos.
Sua trajetória de sucesso contrasta com o início de vida difícil da família. Seus pais vieram para Brasília antes mesmo da inauguração da capital. “Para um ex-lavrador que estudou só até o quarto ano primário, o início na capital da esperança foi muito difícil. Depois de trabalhar quebrando pedras e vendendo laranjas no aeroporto JK, ele virou dono de uma pequena mercearia — o Mercadinho Vencedor — e voltou para buscar minha mãe, que havia ficado em Goiás”, relata.
Nascida em Brasília em 1966, Ieda foi a primeira da família a concluir o ensino superior. “Graças ao esforço e à visão dos meus pais, conquistei o diploma. E tudo o que sou devo a Deus, à minha família e à Embrapa. Aqui fiz grandes amizades, conheci meu marido e, há 19 anos, tive a alegria de me tornar mãe. Não foi, e às vezes ainda não é, fácil, mas vale muito a pena”, avalia.
Na Embrapa, participou de pesquisas que resultaram, em 1993, no lançamento de estirpes utilizadas até hoje no inoculante comercial de soja. A partir de 1999, passou a se dedicar ao projeto de bioindicadores de qualidade do solo, que culminou no desenvolvimento da tecnologia de Bioanálise de Solo (BioAS), lançada em 2020, agregando o componente biológico às análises de rotina.
Com os dados gerados pela BioAS, Ieda coordenou a criação da Plataforma Saúde do Solo BR: solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. Lançada em novembro, durante a COP 30, na Agrizone, a plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município, com possibilidade de filtros por ano, culturas e texturas, além de permitir comparações entre diferentes sistemas de produção. É a primeira vez que informações dessa natureza são oferecidas em um ambiente digital e de acesso público.
Um olhar para o futuro
Apesar do reconhecimento, Ieda afirma que ainda tem sonhos a realizar. “Nessa caminhada profissional, espero ainda ver dois avanços importantes: que o solo seja reconhecido como um superorganismo, o grande trabalhador das nossas lavouras, e que sua saúde seja tratada como prioridade para que possamos sempre ter lavouras produtivas em solos vivos e funcionais; e que o pagamento por serviços ambientais se torne realidade para os agricultores que investem na conservação e na vitalidade dos nossos solos”, conclui.
Embrapa Cerrados


