10/09/2025 08h35
Após 30 anos, Azambuja passa bastão no PSDB e fecha oficialmente ciclo
Ex-governador oficializou aos membros a saída da sigla, que será comandada pelo deputado Geraldo Resende
Por Jhefferson Gamarra e Fernanda Palheta
Em uma reunião com lideranças estaduais do PSDB, o ex-governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, anunciou oficialmente sua saída da sigla que ajudou a consolidar ao longo de quase três décadas. Considerado o principal nome tucano no Estado, Azambuja deixa o comando do diretório com a marca de ter transformado o partido em uma das forças mais duradouras da política sul-mato-grossense, chegando a ser reconhecido nacionalmente como “o partido de Mato Grosso do Sul”.
Na reunião, considerada simbólica por marcar o fim de um ciclo, Azambuja afirmou que aquele era seu último encontro como dirigente tucano. Além de anunciar a decisão, apresentou carta de renúncia ao cargo de tesoureiro nacional do PSDB.
Com a saída, o diretório estadual passa, de forma interina, para as mãos do deputado federal Geraldo Resende, que ocupa a vice-presidência. Ele comandará a legenda até 21 de outubro, prazo em que a direção nacional decidirá se instala um diretório provisório em Mato Grosso do Sul para conduzir a sigla neste período de transição.
Em entrevista ao Campo Grande News, Azambuja fez questão de ressaltar a importância da trajetória construída dentro do PSDB. Ele lembrou que o partido governou o Estado por três mandatos consecutivos, sendo dois dele próprio, entre 2015 e 2022, e o atual, com Eduardo Riedel, que recentemente migrou para o PP.
“Meu sentimento é de gratidão. Fizemos do PSDB um partido importante, que esteve no poder, construiu bastante coisa e deixou bons resultados. Nacionalmente, sempre fomos lembrados como referência, como o partido de Mato Grosso do Sul”, afirmou.
Sob sua liderança, o PSDB se tornou uma das principais forças políticas do Estado, conquistando 44 prefeituras das 79 prefeituras nas eleições de 2024, além de nomes na Assembleia Legislativa e na bancada federal.
A decisão de Azambuja foi motivada pelo convite direto do ex-presidente Jair Bolsonaro e da cúpula do PL. Para o ex-governador, a mudança representa não apenas um realinhamento político, mas também um novo desafio pessoal e eleitoral.
“Quando recebi o convite do presidente Bolsonaro e do PL, entendi como uma nova missão. O objetivo central que nos une é enfrentar um adversário em comum: Lula 4”, explicou o ex-governador em referência a disputa nacional em 2026.
Azambuja reconhece, no entanto, que enfrentará resistência dentro do próprio PL. Deputados estaduais ligados à ala mais dura do bolsonarismo, como João Henrique Catan e Marcos Pollon, já se mostraram contrários à sua chegada. Mesmo assim, ele aposta em sua capacidade de articulação e consenso para unir as forças em torno do projeto de derrotar Lula em 2026. “Temos um objetivo em comum que é evitar a reeleição do lula, isso deve unir todos”, observa.
Para o ato de filiação ao PL, marcado para o próximo dia 21, o ex-governador afirmou que convidou figuras de peso, entre elas os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas até agora, nenhum deles confirmou participação.
A despedida de Azambuja do PSDB também repercutiu entre os deputados estaduais.A deputada Mara Caseiro (PSDB) destacou o peso da trajetória do ex-governador e admitiu avaliar a possibilidade de acompanhá-lo no PL.
“São 30 anos de PSDB, que ele tem um carinho muito grande, mas agora, com toda essa conjuntura política, ele vai caminhar no PL, sem esquecer dos amigos e dos parceiros. O grupo político continua. O PSDB deve seguir forte, com deputados, prefeitos e vereadores. Mas há possibilidade de alguns, como eu, acompanharem o Reinaldo nessa nova etapa. Foi realmente uma despedida, com ele repassando para o vice-presidente Geraldo Resende até que haja decisão nacional. Vamos continuar caminhando juntos, mesmo que em agremiações diferentes”, disse a deputada.
O deputado Jamilson Name (PSDB) ressaltou a tranquilidade da reunião de despedida do líder tucano e projetou impactos práticos da movimentação partidária. “O Reinaldo já tá indo e deve levar cerca de 18 prefeitos para o PL. O tom da conversa foi amistoso, tranquilo. A princípio, os três deputados federais devem ficar no PSDB, mas não sabemos se isso vai se manter. Temos que aguardar a decisão nacional”, pontuou.
Já o deputado Pedro Caravina (PSDB) destacou a importância institucional da transição e reafirmou a força do PSDB na base governista. “Com a saída dele, o Geraldo Resende assume interinamente até outubro, quando o partido deve definir novas comissões provisórias em todo o país. Foi uma despedida depois de tantos anos de liderança. O Reinaldo vai cumprir sua missão no PL, mas sempre manteve carinho especial pelo PSDB, onde esteve por três décadas. O partido continua dentro do arco de alianças da reeleição do governador Eduardo Riedel e vamos organizar chapas competitivas, principalmente na esfera estadual”, comentou o deputado.