- mell280
11/12/2025 15h24
Dólar fecha em R$ 5,35: é hora de comprar ou vender?
Especialistas explicam o que está por trás do movimento recente da moeda americana e quais pontos avaliar antes de investir em dólar no cenário atual, marcado por incertezas e mudanças econômicas
Em outubro, o dólar superou os R$ 5,38 em meio a um ambiente de maior incerteza econômica. A combinação de instabilidade política no Brasil e ajustes na política monetária dos Estados Unidos elevou a percepção de risco entre investidores e pressionou a moeda brasileira.
No cenário doméstico, a Selic em 15% ao ano tenta conter a inflação, mas a instabilidade política e fiscal reduz a confiança no país e afasta parte do capital estrangeiro. Esse movimento enfraquece o real e reduz a entrada de dólares no mercado brasileiro.
No exterior, o Federal Reserve reduziu os juros para a faixa de 3,75% a 4% ao ano, o que marca o segundo corte consecutivo após um período de aperto monetário. A decisão busca estimular a economia e aproximar a inflação da meta de 2%.
Mesmo com juros mais baixos, o dólar mantém força global. Em momentos de incerteza, investidores costumam migrar para ativos considerados seguros, como a moeda americana e os títulos do Tesouro dos EUA.
Como o dólar tem se comportado nos últimos meses em relação ao real?
Para entender o que sustenta esse movimento, avaliar se o momento favorece uma exposição maior à moeda americana e esclarecer como investir em dólar diante desse cenário, conversamos com especialistas do Inter.
Depois desse período de maior pressão, o comportamento do dólar começou a mudar. A moeda tem mostrado queda nos últimos meses em relação ao real e, agora em novembro, segundo dados do Banco Central, opera perto de R$ 5,29.
O movimento ocorre em um cenário externo mais favorável, impulsionado pelo início do ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos. Com essa mudança, o mercado global ficou mais confiante e o fluxo de capitais se estabilizou.
A expectativa de uma política monetária mais suave fortalece moedas de países emergentes, como o real, e reduz a pressão sobre o câmbio.
Riscos e oportunidades de investir na moeda americana
A volatilidade do câmbio continua elevada e pode gerar perdas no curto prazo, especialmente em momentos de tensão política ou fiscal no Brasil. Episódios como revisões de metas fiscais ou disputas entre políticas costumam provocar oscilações rápidas no dólar, o que aumenta o risco para quem busca retorno imediato.
Além disso, decisões inesperadas do Federal Reserve afetam diretamente o valor do dólar. Um corte de juros acima do previsto ou uma fala mais dura sobre inflação, por exemplo, pode mudar o rumo do câmbio em questão de horas.
Por outro lado, a moeda americana funciona como proteção em períodos de incerteza e ajuda a preservar o poder de compra em cenários de inflação alta ou instabilidade econômica. Quando o real perde força, aplicações atreladas ao dólar tendem a compensar parte das perdas da carteira.
A moeda também amplia as oportunidades de diversificação e acesso a mercados globais. Investimentos internacionais permitem exposição a setores como tecnologia, saúde e energia, que não possuem a mesma escala no mercado brasileiro.
Esse tipo de investimento deve integrar uma estratégia de longo prazo. A instituição financeira orienta os clientes a usar o dólar como forma de diversificação e proteção cambial, não como aposta momentânea.
A recomendação é que a exposição corresponda a uma parcela da carteira, sempre alinhada ao perfil e aos objetivos de cada investidor, especialmente diante do alto nível de incertezas no Brasil e no exterior.
Fatores que o investidor deve considerar antes de investir em dólar
Antes de decidir aplicar em dólar, alguns pontos precisam entrar na análise. O investidor deve avaliar o próprio perfil de risco e os objetivos financeiros, já que a moeda americana pode registrar alta volatilidade no curto prazo.
Além disso, o banco destaca a importância de definir o horizonte de investimento e manter uma carteira diversificada. Essa combinação reduz impactos de oscilações cambiais e melhora o equilíbrio da estratégia.
É importante também acompanhar o cenário macroeconômico no Brasil e no exterior. Juros, inflação, ambiente político e expectativas globais influenciam diretamente o valor do dólar. Por fim, o investidor deve considerar impostos e custos sobre aplicações para entender o retorno real da operação.
Quais são as principais formas de investir em dólar?
O investidor brasileiro encontra diversas maneiras de acessar a moeda americana e o mercado internacional. Uma das alternativas mais conhecidas é os BDRs, certificados negociados na B3 e lastreados em ações de empresas estrangeiras.
Esse tipo de ativo não representa a compra direta de papéis no exterior, mas acompanha a variação da ação de referência.
Outra opção envolve ações listadas nas bolsas dos Estados Unidos, que permitem investir em empresas globais como Microsoft, Apple, Amazon e Meta. Nesse caso, o investidor se beneficia tanto do desempenho das companhias quanto da variação do dólar.
O mercado imobiliário americano também está ao alcance dos brasileiros por meio dos REITs, que funcionam de forma semelhante aos fundos imobiliários nacionais e geram renda com aluguéis de imóveis comerciais, residenciais e hospitalares.
Os ADRs, emitidos por bancos nos Estados Unidos, oferecem mais uma porta de entrada para ações de empresas estrangeiras, sobretudo em momentos de valorização do dólar. Já o Time Deposit surge como uma alternativa mais conservadora, com aplicações em dólar que unem estabilidade e proteção contra oscilações locais.
Por fim, ETFs reúnem dezenas de ações americanas em uma única carteira e se destacam pela praticidade. Além de facilitar o acesso a grandes índices do mercado dos EUA, eles distribuem dividendos na própria moeda americana, o que amplia a exposição internacional do investidor.
Perspectivas para o investidor
A atratividade do dólar costuma gerar movimentos rápidos no mercado, mas replicar decisões de outros investidores nem sempre é a melhor escolha. A moeda pode registrar variações intensas conforme o cenário econômico muda, o que reforça a necessidade de atenção ao contexto antes de qualquer decisão.
Quem pensa em investir em dólar precisa se manter bem informado. Mudanças rápidas no câmbio ou retrações inesperadas podem ocorrer, e compreender a dinâmica cambial ajuda a reduzir riscos e a tomar decisões mais equilibradas.
Acompanhar indicadores, observar o cenário econômico e avaliar o impacto de cada decisão na carteira são atitudes importantes para quem busca uma exposição mais segura à moeda americana.


