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Como usar o 13º salário de forma estratégica


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  • mell280

11/12/2025 12h48

Como usar o 13º salário de forma estratégica

Fernando Barbosa


Para apoiar quem deseja usar o dinheiro para quitar pendências, reforçar a reserva de emergência ou iniciar investimentos, Eduardo de Freitas, CFO da Contabilizei, reúne as principais orientações para transformar o 13º em uma ferramenta real de estabilidade financeira

O fim do ano marca um dos momentos mais importantes para o orçamento dos trabalhadores brasileiros: o recebimento do 13º salário. Em um período em que as dívidas se acumulam, despesas sazonais aumentam e o planejamento para 2026 começa a ganhar forma, esse recurso pode ser decisivo para reorganizar as finanças. Para apoiar quem deseja usar o dinheiro com estratégia, seja para quitar pendências, reforçar a reserva de emergência ou iniciar investimentos, Eduardo de Freitas, CFO da Contabilizei, reúne as principais orientações para transformar o 13º em uma ferramenta real de estabilidade financeira. Veja abaixo:

Qual deve ser o primeiro passo para usar o 13º salário de forma estratégica?

O primeiro passo é analisar a situação das finanças no presente. E, para fazer esse diagnóstico de como está o retrato atual, vale aplicar um método simples, verificando três etapas fundamentais:

  • Quitação ou adiantamento de débitos

Com o depósito do 13º salário é importante calcular se o valor será o suficiente para acertar as dívidas ou adiantar parcelas de financiamento em aberto ou quanto será necessário calcular para conseguir ao menos amortizar algumas parcelas a mais. Um exercício rápido é somar o total das pendências e comparar com a capacidade real de pagamento mensal.

Exemplo prático: uma pessoa tem uma renda líquida de R$ 5.000 e custos essenciais de R$ 1.500. Dessa forma, existe uma capacidade de pagamento (sobra de caixa) de R$ 3.500. Se a dívida for de R$ 10.000, ela levaria em torno de três meses para quitar organicamente. Neste cenário, usar o 13º para quitar ou amortizar agressivamente essa dívida é a melhor decisão financeira possível, pois elimina o custo dos juros compostos que corroem o patrimônio.

  • Organização das despesas

Na contabilidade, trabalhamos com previsibilidade. Por isso, na vida pessoal, as pessoas também devem mapear agora os compromissos inadiáveis do início do ano. Colocar na ponta do lápis quais são as despesas fixas e sazonais dos próximos meses ajuda na melhor utilização do 13º salário também. Neste caso, vale listar tudo: do aluguel às contas e parcelas, mensalidades e assinaturas, incluindo IPVA, IPTU e até material escolar. Organizar em uma planilha simples, em um aplicativo financeiro ou até no papel ajuda a ter clareza sobre o que cabe no orçamento. Assim, é possível entender como o 13º cobrirá esses custos sem comprometer o orçamento mensal regular.

  • Gestão de risco

Se as dívidas estão sob controle e as contas mapeadas, o foco vira segurança. Verificar se já tem uma reserva de emergência porque quem não tem fica exposto a qualquer imprevisto. A regra de bolso: essa reserva deve cobrir entre 6 a 12 meses dos custos fixos. Caso a pessoa ainda não tenha esse colchão, o 13º pode ser o aporte inicial ideal para começar a construir essa segurança e evitar depender de crédito bancário no futuro. O tamanho desse valor pode variar conforme a estabilidade no emprego: servidores públicos, por exemplo, podem trabalhar com uma reserva menor; já quem está no setor privado ou é autônomo deve considerar um período maior.

Quando vale mais a pena quitar dívidas e quando vale investir esse valor?

Aqui é simples: se o custo efetivo total de uma dívida for superior à rentabilidade líquida que conseguiria em uma aplicação financeira, a decisão racional é quitar a dívida, ainda mais se os juros forem altos (cartão de crédito, cheque especial, empréstimos sem garantia etc.), o pagamento das pendências deve ser prioridade. 

Por outro lado, se as dívidas não têm um custo alto, estão sob controle ou mesmo se as finanças estão saneadas, o 13º é uma ótima oportunidade para começar a investir. Especialmente em dezembro, um aporte maior pode ser o ponto de partida para criar hábitos financeiros melhores no ano seguinte. Em alguns casos, também vale dividir o valor, usando uma parte para reduzir dívidas e outra para iniciar investimentos, construindo equilíbrio entre curto, médio e longo prazo. Melhor começar com valores baixos, visando uma regularidade nos depósitos. Depois, tentar elevar esses investimentos e, também, reinvestir parte dos ganhos. 

Quais são as melhores opções de investimento para quem está começando (tesouro, CDB, renda fixa, renda variável básica etc.)?

Para o investidor iniciante, a premissa fundamental não deve ser buscar a rentabilidade máxima agressiva, mas sim a preservação do capital e a liquidez. Um caminho são os ativos de renda fixa, que oferecem previsibilidade de fluxo de caixa. Podemos dividir as opções em três pilares básicos:

  • títulos públicos (risco soberano): são considerados os ativos mais seguros da economia, pois são garantidos pelo Tesouro Nacional. Por exemplo, o Tesouro Selic costuma ser a porta de entrada ideal, pois acompanha a taxa básica de juros da economia, possui baixíssima volatilidade (risco de oscilação negativa) e alta liquidez, permitindo resgates rápidos. É a referência de "taxa livre de risco" no mercado brasileiro.
  • títulos bancários (CDBs): nesta modalidade, a pessoa empresta recursos para instituições financeiras em troca de uma remuneração, geralmente atrelada ao CDI (que caminha próximo à Selic). Para aumentar a segurança deste investimento, um ponto de atenção é verificar se o título possui a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que protege até R$ 250 mil por CPF e por instituição. A sugestão para iniciantes é priorizar CDBs com liquidez diária e emissores (bancos) sólidos. Rentabilidades acima da média de mercado geralmente embutem um risco de crédito maior da instituição, o que exige cautela.
  • fundos de renda fixa (gestão profissional): é a opção de terceirizar a decisão. Um gestor profissional aloca os recursos em uma cesta de produtos (títulos públicos e privados). A vantagem é a diversificação automática; a desvantagem são as taxas de administração. É crucial verificar se a taxa cobrada não corrói a rentabilidade líquida a ponto de torná-la inferior a uma aplicação direta no Tesouro.

De uma forma geral, quem está iniciando deve fugir da complexidade e começar a estudar o tema. Comece pelo simples para construir uma reserva de segurança. Somente após consolidar essa base, deve-se pensar em diversificação em ativos de maior risco ou menor liquidez.

Como quem está com orçamento apertado pode usar o 13º para aliviar as finanças no início de 2026?

Para quem está com o orçamento restrito, o 13º salário pode atuar como capital de giro sendo uma oportunidade real de virar a página e reorganizar a vida financeira. Não encarar esse valor como um bônus de consumo, mas sim como um ponto de virada. A estratégia mais sábia é usar este dinheiro para zerar ou reduzir dívidas que estão consumindo o orçamento. No caso do pagamento à vista, é possível conseguir negociações mais atrativas e obter descontos maiores. Fato que abre espaço para respirar em janeiro e fevereiro, meses tradicionalmente mais pesados, com IPVA, IPTU, material escolar e reajustes de despesas fixas. 

Outra forma inteligente de utilizar o recurso é criar uma reserva de segurança, mesmo que simbólica, para evitar recorrer a empréstimos no início do ano. Guardar pelo menos 10% do 13º salário já faz diferença quando surge uma emergência. Também vale considerar antecipar contas tradicionais para o período, como impostos ou seguros, aproveitando eventuais descontos de pagamento à vista. 

Além disso, o 13º pode funcionar como um colchão de organização, ajudando a regularizar contas atrasadas, renegociar contratos e revisar despesas recorrentes. No fim das contas, o 13º pode ser o impulso que permite começar 2026 de forma mais leve e sem repetir os apertos dos anos anteriores.


 





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