O envelhecimento populacional no Brasil tem se intensificado nas últimas décadas, resultado de avanços na medicina, nas condições sanitárias e na ampliação da expectativa de vida. Contudo, esse processo, que deveria ser visto como uma conquista social, ainda é encarado por grande parte da população como um problema. Isso ocorre, em parte, pela falta de preparo — tanto individual quanto familiar — para lidar com as transformações físicas, emocionais e sociais que acompanham a velhice, o que acaba gerando desafios coletivos e estruturais para o país.

O aumento gradativo da população idosa exige uma reflexão sobre como o Brasil tem se preparado para essa nova realidade. A minoria se organiza para envelhecer de forma ativa e saudável, enquanto a maioria encara o avanço da idade com medo, negligência ou desinformação. Muitos deixam de realizar atividades simples, como caminhadas ou esportes, acreditando que a idade limita suas capacidades, quando, na verdade, manter hábitos saudáveis é o caminho mais eficaz para garantir autonomia e bem-estar. Além disso, é preciso aprender a encarar as limitações impostas pelo tempo não como um fardo, mas como desafios naturais da vida. Paradoxalmente, todos sabem que irão envelhecer um dia, mas ainda assim tratam a velhice como algo negativo, como se fosse uma surpresa indesejada.

Essa postura impede que muitos vivam essa fase com serenidade e aprendizado, transformando um processo natural em motivo de lamentação. Como afirmou a filósofa Simone de Beauvoir, “envelhecer é o único meio de viver muito tempo”, o que reforça a ideia de que o envelhecimento deve ser aceito com consciência e valorizado como parte essencial da existência.

Preparar-se para envelhecer, portanto, é mais do que um ato individual — é um compromisso social. Essa preparação não depende apenas de recursos financeiros, mas de escolhas e atitudes cotidianas, como praticar atividades físicas, manter vínculos afetivos e buscar qualidade de vida. É preciso que o Estado promova políticas públicas de incentivo ao envelhecimento ativo, conforme prevê o Estatuto do Idoso, mas também que cada cidadão assuma sua responsabilidade nesse processo. Envelhecer é inevitável; sofrer com isso, não. Quando o ser humano passa a encarar o tempo com sabedoria e coragem, transforma o envelhecimento em uma etapa de plenitude, e não de limitação.

 *Hosana de Lourdes