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O tarifaço de Trump é mais do que comércio: é um teste à soberania brasileira


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  • mell280

10/07/2025 15h54

O tarifaço de Trump é mais do que comércio: é um teste à soberania brasileira

Elias Tavares


A decisão do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras não pode ser tratada como um gesto isolado de política comercial. Trata-se de uma crise diplomática e comercial que testa a maturidade institucional do Brasil e exige uma resposta à altura dos nossos interesses nacionais.
Ao justificar a medida, Trump alega práticas desleais no comércio digital, mas incorpora à sua narrativa uma acusação grave e sem precedentes: classifica o julgamento de Jair Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e pede publicamente a suspensão do processo em curso no Supremo Tribunal Federal. É, na prática, uma tentativa de interferência direta no sistema de justiça de um país soberano.
Esse gesto deve ser compreendido dentro do contexto eleitoral norte-americano. Trump procura fortalecer seu discurso para a base conservadora e, para isso, transforma o Brasil em peça de retórica política. Mas as consequências não são simbólicas: são econômicas, concretas e imediatas. O agronegócio, a indústria e a balança comercial brasileira serão diretamente afetados. Setores como soja, carne, aço, alumínio e café, entre outros, podem perder competitividade e empregos.
A resposta do Brasil precisa ser firme, técnica e coordenada. O caminho imediato é acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), uma instância prevista justamente para impedir esse tipo de distorção unilateral. Além disso, é hora de mobilizar o capital diplomático acumulado com os BRICS, com o Mercosul e com parceiros da União Europeia. O país não pode tratar essa situação como uma disputa pessoal entre presidentes é um desafio de Estado.
No plano institucional, o Brasil deve afirmar com clareza que seu sistema de Justiça é autônomo. Concorde-se ou não com as decisões do Supremo, ele representa a Constituição e deve ser defendido como pilar da democracia. Críticas internas fazem parte do jogo democrático. Já a deslegitimação externa, feita por um chefe de Estado estrangeiro, ultrapassa qualquer limite aceitável nas relações entre nações civilizadas.
O tarifaço de Trump não é só uma sanção econômica. É uma tentativa de submeter o Brasil à lógica eleitoral de outro país. Não é uma questão ideológica. É uma questão de soberania. E soberania não se negocia. Se defende.
Por Elias Tavares, cientista político

 




 





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