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- mell280
02/07/2025 12h40
Delegacia de Maracaju reforça acolhimento às vítimas e aponta aumento de casos de violência doméstica no primeiro semestre de 2025
Hosana de Lourdes
Maracaju (MS) – A Delegacia de Polícia Civil de Maracaju tem fortalecido o combate à violência doméstica com uma estrutura de acolhimento que vai além do procedimento legal. A Sala Lilás, espaço reservado para receber mulheres vítimas de violência, funciona desde 2019 e simboliza um avanço no cuidado com quem rompe o silêncio.
A delegada titular Gláucia Fernanda Valério explicou que toda vítima que chega à delegacia é encaminhada diretamente à Sala Lilás, onde ocorre o primeiro atendimento.
“Toda vítima que chega até nós como a primeira porta de entrada aqui na cidade de Maracaju é encaminhada diretamente para o nosso espaço chamado Sala Lilás. Nesse local realizamos todos os trâmites: o registro da ocorrência, o pedido de medida protetiva, além dos encaminhamentos necessários, seja para abrigamento, assistência social ou, nos casos mais graves como lesão corporal ou crime sexual, o encaminhamento imediato ao hospital”, explica a delegada.
Segundo ela, o hospital da cidade também conta com uma sala dedicada às vítimas, onde são realizados exames de corpo de delito e atendimento médico de forma reservada e acolhedora.
“Nosso objetivo é garantir que a vítima saia daqui com 100% do atendimento realizado, desde a escuta inicial até os cuidados médicos e jurídicos necessários.”
Rede de apoio e trabalho com agressores
A delegada destaca que Maracaju conta com uma rede de proteção integrada, que oferece desde atendimento psicológico e terapias até cursos profissionalizantes e moradia temporária. A articulação envolve assistência social, saúde e Justiça.
“Muitas vezes, a mulher precisa não só da parte legal, mas também de acolhimento, alimento, abrigo, dignidade. E graças à nossa rede, conseguimos oferecer esse suporte real.”
Além disso, Maracaju também realiza acompanhamento com autores de violência, por meio de encaminhamento judicial.
“Temos um serviço voltado também para os agressores, com atendimento psicológico. A ideia é que esse homem mude sua visão sobre a mulher. A punição é necessária, mas precisamos investir em prevenção para romper o ciclo da violência.”
Educação e consciência social
A delegada ressaltou a importância da prevenção a partir da base:
“A mudança começa dentro das famílias, das escolas, para que crianças cresçam entendendo os direitos das mulheres e o que é violência. Os meninos, as meninas, todos precisam ser educados para que a gente consiga extirpar esse mal pela raiz.”
Aumento nas ocorrências
Entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2025, foram registrados 154 boletins de ocorrência relacionados à violência doméstica — um aumento superior a 27% em relação ao mesmo período de 2024, que teve 127 casos.
“As ocorrências envolvem ameaça, lesão corporal, descumprimento de medida protetiva, entre outros crimes. Esse crescimento exige atenção e resposta mais eficaz do poder público”, afirmou Gláucia ao portal tudodoms.
Feminicídio volta a ocorrer após quatro anos
Maracaju havia completado quatro anos sem registros de feminicídio consumado, desde o caso da enfermeira Ivanir Rodrigues Antunes, em 2021. No entanto, em junho de 2025, a cidade foi abalada pelo feminicídio de Doralice.
“Infelizmente, rompemos uma linha de estabilidade com a perda da Doralice. Um crime que nos marcou profundamente e reforça o alerta para todos nós”, lamentou a delegada.
Girassóis como alerta e homenagem
A delegada também comentou a campanha simbólica dos girassóis plantados e registrados em homenagem às vítimas de feminicídio, como forma de despertar a consciência coletiva:
“Foi uma forma delicada e forte ao mesmo tempo de lembrar essas mulheres. O girassol é alegre, mas aqui ele traz uma homenagem triste. Faz sentido quando o objetivo é chamar atenção para o que precisa ser combatido. E deu certo: chamou a atenção da imprensa, da população e nos fez refletir.”
Avanços na Legislação
Gláucia Fernanda Valério também avaliou positivamente as atualizações da Lei Maria da Penha, que têm endurecido penas e fechado brechas na legislação penal.
“A legislação está mais firme. Crimes como ameaça, lesão corporal e perseguição já tiveram aumento de pena. Isso ajuda a combater a impunidade e reforça a segurança jurídica das vítimas.”
A Delegacia de Maracaju reforça que denúncias podem ser feitas presencialmente ou pelo número 180, com atendimento gratuito e sigiloso.

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