31/12/2025 10h46
Troca de partido de Riedel e Reinaldo reorganizou base política em MS
Prefeitos tucanos seguiram as duas lideranças, diminuindo a representatividade do partido
Por Fernanda Palheta
Em 2025, o cenário partidário de Mato Grosso do Sul se reconfigurou com a saída do governador Eduardo Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja do PSDB. A movimentação, que começou a ser ventilada ainda em 2024, encerrou a dobradinha das duas principais lideranças do partido no Estado, que se filiaram ao PP e ao PL, respectivamente.
A indefinição sobre o futuro político de ambos se estendeu ao longo do primeiro semestre de 2025. Apesar do bom desempenho nas eleições municipais de 2024 em Mato Grosso do Sul, quando o PSDB elegeu 44 prefeitos entre os 79 municípios, o enfraquecimento do partido no cenário nacional passou a ser avaliado como um fator de risco para a construção de um projeto competitivo visando a reeleição em 2026.
A confirmação da saída e o anúncio do novo destino partidário ocorreram apenas na primeira semana de agosto. O movimento incluiu a filiação de Riedel ao Partido Progressistas, durante a convenção realizada em Brasília que formalizou a federação da legenda com o União Brasil.
O governador decidiu se alinhar politicamente à senadora Tereza Cristina (PP), considerada uma de suas principais referências políticas e uma das lideranças de maior projeção nacional do Estado. Em seu primeiro discurso como filiado ao PP, Riedel afirmou que a decisão foi motivada pelo alinhamento de valores e pelas mudanças no cenário político nacional, que reduziram o protagonismo do PSDB diante da polarização no país.
A filiação de Reinaldo Azambuja ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi oficializada apenas em setembro. O ato ocorreu durante evento que contou com a presença do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, além de mensagem do senador Flávio Bolsonaro (PL). Também participaram lideranças nacionais e estaduais da direita, incluindo o próprio governador Eduardo Riedel e a senadora Tereza Cristina.
Os efeitos da movimentação das duas lideranças começaram a se materializar em outubro, com a migração de prefeitos eleitos pelo PSDB. Das 44 prefeituras conquistadas pelo partido nas eleições municipais, 20 deixaram a sigla. A divisão resultou no fortalecimento de PP e PL, que passaram a liderar a representatividade municipal no Estado, com 23 e 22 prefeituras, respectivamente.
O impacto da troca partidária também deve alcançar a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul com a abertura da janela partidária, em março de 2026. Dos seis deputados estaduais eleitos pelo PSDB, quatro já sinalizaram a intenção de deixar a legenda. Os dois que demonstraram interesse em permanecer afirmaram que a decisão dependerá do comprometimento do partido em montar uma chapa competitiva para a próxima disputa eleitoral.
Entre os parlamentares que indicaram saída, o destino mais provável é o PL, liderado no Estado por Reinaldo Azambuja. A chegada do ex-governador à sigla ampliou o interesse de outros deputados, que veem no político a capacidade de fortalecer e ampliar o alcance do partido em Mato Grosso do Sul, repetindo o movimento que consolidou o PSDB como uma das principais forças políticas do Estado.
Sob a liderança de Reinaldo, o PSDB rompeu um padrão histórico da política local ao conseguir eleger um sucessor após dois mandatos consecutivos, garantindo à sigla a condução de um projeto de governo que se estendeu por 12 anos.
Apesar das mudanças no tabuleiro partidário, o ex-governador avalia que o cenário político permanece praticamente o mesmo, por se tratar de um grupo aliado. “Minha ida foi um convite do Bolsonaro. O PL já é grande nacionalmente, e a gente trouxe 20 prefeitos, o que fortaleceu. O PP já tinha um grande número de prefeituras, e quase todos aliados. O PSDB continua uma sigla forte”, afirmou em entrevista ao Campo Grande News.
Segundo Reinaldo, a prioridade agora é organizar um arco de alianças em torno do projeto de reeleição de Eduardo Riedel. Entre os partidos que integram a base do governo e podem compor essa frente estão Republicanos, PSD, MDB e PSDB, além de PL e PP. “As forças estão divididas em outras siglas”, completou.
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