- mell280
20/12/2025 09h49
“Rei do Bolero” e feminicida, Lindomar Castilho morre aos 85 anos
“Rei do Bolero” e feminicida, Lindomar Castilho morre aos 85 anos
O cantor Lindomar Castilho, um dos nomes mais emblemáticos da música brega brasileira, morreu aos 85 anos neste sábado (20). A informação foi confirmada por sua filha, Lili De Grammont, em uma publicação nas redes sociais. A causa da morte não foi divulgada. Ídolo popular nos anos 1970, Lindomar ficou conhecido como o “Rei do Bolero” e chegou a figurar entre os maiores vendedores de discos do país.
Com voz marcada pelo drama e pela intensidade emocional, Lindomar Castilho construiu uma carreira baseada em boleros e sambas-canção que dominaram as rádios populares.
Entre os maiores sucessos estão “Vou rifar meu coração” e “Você É Doida Demais”, canção que ganhou nova projeção ao ser usada como tema de abertura da série “Os Normais”, exibida pela TV Globo entre 2001 e 2003, com Fernanda Torres interpretando Vani e Luiz Fernando Guimarães interpretando Rui.
Apesar do sucesso artístico, a trajetória de Lindomar Castilho foi profundamente marcada por um crime que chocou o país. Em 1981, ele assassinou a tiros sua segunda esposa, a cantora Eliane de Grammont, durante uma apresentação em São Paulo.
O caso teve enorme repercussão nacional e se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica, ajudando a consolidar o lema “quem ama não mata”. Condenado a 12 anos de prisão, Lindomar cumpriu parte da pena e deixou a cadeia nos anos 1990.
Na despedida pública, Lili De Grammont fez um desabafo que misturou crítica, reflexão e dor. “Ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira”, escreveu.
A filha também destacou que o crime não pode ser dissociado da memória do artista, reforçando o impacto permanente da violência sobre toda a família.
Em outra parte da publicação, Lili ampliou a reflexão para além da história pessoal. “O que fica é: Somos finitos, nem melhores e nem piores do que o outro, não somos donos de nada e nem de ninguém, somos seres inacabados, que precisamos olhar pra dentro e buscar nosso melhor, estar perto de pessoas que nos ajudem a trazer a beleza pra fora e isso inclui aceitarmos nossa vulnerabilidade”, escreveu.
Ao concluir, afirmou: “Assim me despeço do meu pai, com a consciência de que a minha parte foi feita — com dor, sim, mas com todo o amor que aprendi a sentir e expressar nesta vida”.
Após deixar a prisão, Lindomar tentou retomar a carreira musical e chegou a lançar um álbum ao vivo em 2000. Com o passar do tempo, no entanto, afastou-se dos palcos e passou a viver de forma cada vez mais reservada, longe da exposição que marcou seus anos de auge.


