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Ex-deputado de MS tem CPF usado em 3,6 mil consultas irregulares


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  • mell280

22/11/2025 10h06

Ex-deputado de MS tem CPF usado em 3,6 mil consultas irregulares

Ministério da Justiça aponta 213 milhões de acessos à plataforma Córtex por contas ligadas ao Governo do Rio

Por Lucia Morel |


 O CPF do ex-deputado federal por Mato Grosso do Sul, Loester Carlos Gomes de Souza, o "Trutis", foi usado indevidamente 3.689 vezes em apenas cinco dias para consultas na plataforma federal de inteligência Córtex, segundo auditoria do Ministério da Justiça. Ele é um dos nomes identificados no esquema que usou documentos de milhões de brasileiros para acessar dados sigilosos por meio de contas vinculadas ao Governo do Rio de Janeiro.

 
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As consultas aparecem registradas como se tivessem sido feitas por ele, embora Trutis negue ter qualquer relação com o sistema. “Meu CPF foi usado irregularmente e isso gera preocupação. Não conheço o Córtex e nunca fiz pesquisa em nenhum sistema de inteligência”, afirmou à Folha de São Paulo.
 
A auditoria identificou que 69,2 milhões de CPFs foram usados como “autores” de 213 milhões de consultas dentro da plataforma, número que corresponde a um terço da população brasileira. O volume indica, segundo o Ministério da Justiça, “fortes indícios” de automação das pesquisas e uso de documentos gerados apenas para driblar mecanismos de bloqueio, permitindo consultas em massa sem rastreabilidade real.
 
A suspeita envolve principalmente duas chaves de acesso ao Córtex vinculadas ao Governo do Rio: uma da Polícia Militar e outra da Secretaria de Governo. Para burlar o controle interno, a pessoa que acessa precisa informar o próprio CPF após o login. É nesse ponto que entram os documentos de terceiros, como o do ex-deputado sul-mato-grossense.
 
 
O Ministério da Justiça e a Polícia Federal investigam se houve crimes de inserção de dados falsos, violação de sigilo funcional e invasão de dispositivo informático. A apuração também tenta identificar quem manipulou os acessos e qual era o objetivo. Uma das linhas de preocupação é o uso político das informações, já que quase 80 mil CPFs de PEPs (Pessoas Politicamente Expostas) foram empregados para realizar cerca de 100 mil consultas.
 
Entre os documentos usados irregularmente, além de Trutis, aparece o do delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, que também negou qualquer vinculação à plataforma.
 
A PF abriu inquérito após o Ministério da Justiça identificar “consultas possivelmente indevidas” feitas com a credencial vinculada à PM do Rio. A própria corporação afirma que a chave sob suspeita estaria, na verdade, sob responsabilidade da Secretaria de Governo fluminense, ligada ao programa Segurança Presente.
 
 
A Secretaria do Governo do Rio reconheceu que foi notificada e disse ter acionado a Polícia Civil para investigar. Também afirmou que, meses antes da auditoria, já havia pedido ao Ministério da Justiça que revisse um bloqueio aplicado à conta usada pelo Estado na plataforma. Na ocasião, o governo federal citou uma “violação no sistema”, mas não detalhou o incidente.
 
A PM do Rio se posicionou dizendo que não há “uso anormal” na sua conta e que apenas policiais da atividade-fim podem acessar o sistema.
 
Enquanto isso, o Ministério da Justiça reforçou controles internos, bloqueou acessos considerados suspeitos e afirmou que todas as linhas de investigação permanecem abertas.
 
 
O Córtex, criado no governo Bolsonaro e expandido nos anos seguintes, reúne bases de monitoramento de pessoas e veículos e registrou mais de 3 milhões de alertas em 2023. A centralização dos dados e a descoberta do uso indevido reacenderam o debate sobre vigilância, privacidade e a ausência de mecanismos de transparência sobre a plataforma.
 
 




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