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Lideranças femininas da Amazônia protagonizam encontro histórico pela sociobioeconomia sustentável


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  • mell280

20/10/2025 09h27

Lideranças femininas da Amazônia protagonizam encontro histórico pela sociobioeconomia sustentável

Emanuelle Araujo Melo de Campos


Nos dias 17 e 18 de outubro de 2025, Manaus foi palco de um evento inédito e transformador: o Encontro de Lideranças Femininas da Sociobioeconomia na Amazônia, que reuniu cerca de 60 mulheres extrativistas de diferentes regiões da Amazônia.

O evento contou com a participação de mulheres representantes de coletivos que atuam no manejo do pirarucu, açaí, farinha, oleaginosas e borracha, vindas de diversos territórios do Amazonas. A programação incluiu rodas de diálogo, oficinas, debates e atividades culturais, promovendo dois dias intensos de aprendizado e fortalecimento de redes.

A iniciativa é fruto da união do Memorial Chico Mendes, CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas), RFN (Rainforest Foundation Noruega), Sitawi — via Programa Território Médio Juruá —, WWF-Brasil, Natura e Instituto Juruá, com o apoio do CETAM (Centro de Educação Tecnológica do Amazonas) e do Consulado da Mulher.

“Esse é um espaço construído por mulheres e para mulheres, com o propósito de fortalecer nossas vozes, trocar experiências e inspirar novas trajetórias. E que este seja apenas o primeiro de muitos encontros, abrindo caminhos para que cada vez mais mulheres possam ser protagonistas na construção de uma sociobioeconomia mais justa, inclusiva e sustentável”, declarou Maria Silva, diretora financeira do Memorial Chico Mendes.

O encontro possibilitou uma rica troca de experiências, destacando o protagonismo das mulheres nas cadeias de valor da sociobioeconomia, um dos pilares para o fortalecimento das comunidades amazônicas. As participantes reforçaram a importância do papel feminino em todas as etapas da cadeia, desde a coleta e manejo dos recursos naturais até a gestão, comercialização e transmissão de saberes tradicionais.

“É de extrema importância a gente participar, porque a gente aprende muito, pega muito conhecimento, conhece outras pessoas de outros territórios que trabalham também na mesma luta, com o mesmo objetivo que a gente. Todos trabalham de forma unida, pra adquirir mais força, pra que a gente seja vista e reconhecida pelo nosso trabalho, que ainda não é bem reconhecido nem bem representado nos nossos territórios”, afirmou Ivaneide Sousa, do Coletivo do Pirarucu.

As discussões também trouxeram reflexões sobre os desafios ainda existentes para ampliar a participação e visibilidade das mulheres, como a desigualdade de acesso a espaços de decisão, as barreiras na formação técnica e o reconhecimento econômico do trabalho feminino. A partir dessas trocas, emergiram perspectivas sobre como as mulheres têm transformado os territórios em que vivem e sobre os caminhos coletivos para garantir uma participação mais justa e igualitária.

“Trabalhar nesse setor é um desafio. A gente precisa estar sempre melhorando, se atualizando, e essa troca de experiências com outras pessoas nos ajuda muito. Por isso, é muito gratificante participar desse evento e ver tudo o que acontece dentro do nosso trabalho, dentro do produto”, compartilhou Adriana Pereira.

As mulheres também desempenham papel essencial na proteção da sociobiodiversidade amazônica frente aos riscos que os territórios enfrentam atualmente.

“Esse evento mostrou a ativa participação das mulheres na linha de frente para o enfrentamento de ameaças atuais na Amazônia, como garimpo, narcotráfico, desmatamento e outras atividades ilegais nos seus territórios. Reunir mulheres diversas e de várias localidades em um mesmo espaço reconhece esse trabalho e amplia ainda mais os efeitos sobre a conservação da sociobiodiversidade”, comenta Ronnayana Silva, coordenadora de Programas Territoriais da Sitawi.

O diálogo coletivo reforçou ainda a importância da inclusão feminina nas cadeias produtivas da sociobioeconomia, reconhecendo que o desenvolvimento da Amazônia só será verdadeiramente sustentável e justo com a participação plena das mulheres.

“Conheci muitas pessoas de vários municípios diferentes, e cada experiência compartilhada aqui é muito importante pra mim. Isso vai me ajudar a dividir o que aprendi com as minhas parceiras que ficaram lá. Nosso trabalho é com a borracha, e aqui encontrei muita gente que trabalha com extração de óleos, com a pesca do pirarucu, com biojoias... Estou muito feliz e espero ter outras oportunidades como essa”, disse Lucineide Brito, do coletivo da Borracha.

Mais do que um espaço de formação, o encontro se consolidou como um marco de articulação política e solidária entre mulheres amazônidas, unidas pela defesa do desenvolvimento sustentável, da igualdade de gênero e da conservação ambiental.

“É muito importante poder compartilhar essas vivências e levar pontos positivos desse encontro para a minha região, para o meu território, e dividir isso com outras mulheres e com todo o coletivo que faz parte da pesca manejada. A experiência está sendo muito boa; estou muito feliz por estar aqui, conhecendo outras mulheres, outras realidades. Através das vozes que estamos ouvindo aqui, podemos nos fortalecer e fortalecer também os nossos territórios”, destacou Iza Mura.

 

  





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