Com pressão crescente de riscos climáticos, geopolíticos e tecnológicos, empresas descobrem que a sustentabilidade deixou de ser um selo reputacional e se tornou critério de viabilidade de longo prazo
– Em um mundo marcado por crises sobrepostas, do avanço das mudanças climáticas à instabilidade geopolítica, passando pela inteligência artificial generativa e pela insegurança cibernética, a palavra da vez no meio corporativo junto ao ESG é resiliência. Mais do que um discurso de reputação, o conceito tem sido tratado por líderes empresariais como métrica concreta de sobrevivência.
Um retrato dessa mudança vem da 28ª Global CEO Survey da PwC: 45% dos CEOs no Brasil e 42% no mundo acreditam que suas empresas não sobreviverão mais de dez anos se mantiverem os atuais modelos de negócio. O dado expõe a urgência em adaptar operações para enfrentar riscos que se multiplicam em ritmo acelerado.
Para os autores do novo livro "Visão ESG: Negócios Resilientes", que chega ao mercado em outubro, há diversos desafios a serem enfrentados. “Resiliência não é apenas resistência, é a capacidade de se reinventar diante do inesperado”, afirma consultor e professor de ESG. “O que estamos vendo é uma transformação estrutural: empresas que não recalcularem a rota podem simplesmente perder relevância ou desaparecer”, afirma Onara Lima, executiva de ESG.
O desafio brasileiro
No Brasil, a equação se torna ainda mais complexa. Embora o país concentre a maior biodiversidade do planeta, a integração entre negócios e bioeconomia ainda engatinha. “O discurso avança mais rápido que a prática. Muitas empresas seguem presas ao curto prazo, preocupadas em responder a crises imediatas, sem preparar os fundamentos para o futuro”, diz Filipe Alvarez, executivo e Mestre em Sustentabilidade.
Liderança e governança
Para especialistas, a chave está na liderança. Conselhos de administração e executivos precisam incluir a resiliência no planejamento estratégico de longo prazo, e não tratá-la como um apêndice. Isso significa incorporar métricas ESG na avaliação de crédito, repensar cadeias de suprimento e investir em inovação com impacto positivo — o que alguns chamam de “inovabilidade”.
“Não se trata de uma corrida de 100 metros, mas de uma maratona sem linha de chegada”, afirma Gustavo Loiola, consultor e professor de ESG. “Resiliência exige preparo constante, visão de longo prazo e disposição para ajustar as velas em meio à tempestade”.
Seja pelo risco climático, pelas novas regulações ou pela velocidade da tecnologia, a mensagem é clara: resiliência não é mais um diferencial, mas uma condição de sobrevivência. Como resume a pesquisa da PwC, as empresas que não reinventarem seus modelos em tempo hábil correm o risco de simplesmente se tornarem inviáveis.
|