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Roberto Carlos faz chorar até quem jurava que não iria se emocionar


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  • mell280

26/08/2025 09h04

Roberto Carlos faz chorar até quem jurava que não iria se emocionar

Com banda impecável e público apaixonado, o Rei provou que emoção não tem idade

Por Thailla Torres


 Cresci ouvindo Roberto Carlos sem querer. Era trilha sonora da minha mãe, das tias, das avós. As mesmas vozes que diziam que “o show do Rei” era uma experiência obrigatória. Eu achava que não era pra mim. Na televisão, já tinha assistido às infinitas edições de fim de ano com as roupas claras, o balanço tímido de quadris, o ritual das rosas. Sabia o roteiro de cor. Achava que sabia, pelo menos.

 
 
Ontem, segunda-feira, 25 de agosto, 21h05, resolvi ir ao Bosque Expo, anexo ao Shopping Bosque dos Ipês e ver de perto o show promovido pela Duts Entretenimento, que no dia anterior levou Roberto a Cuiabá. Eu, que jurava não precisar ver o show ao vivo, estava prestes a aprender o contrário.
 
A abertura veio com o maestro arrancando do público ao primeiro arrebatamento: “Como é grande o meu amor por você”, cantado em coro por muitas vozes. E então ele apareceu. Traje branco alinhado, calça e paletó, camisa azul-clara entreaberta, revelando corrente de ouro e parte do peito. Magro, mas imponente. Quase um galã dos anos 80 que não se dá ao trabalho de envelhecer (isso foi minha mãe quem disse). Cantou quase todo o tempo em pé, firme ao lado do buquê de rosas, objeto de desejo e histeria.
 
Foram duas horas e cinco minutos de show. Sem rodeios, mas com uma banda de dez músicos impecáveis e um balé de luzes coreografado para cada canção. A pausa única foi um problema no ponto de retorno, resolvido sem drama. O resto foi Roberto sendo Roberto e isso significa emocionar.
 
 
Logo na terceira música, percebi que por algum motivo, meus olhos estavam úmidos. “Por que raios estou chorando?”, pensei, enquanto a memória afetiva me atropelava. É quase impossível não se emocionar quando a trilha sonora da sua infância resolve te olhar de frente. O Rei tem essa habilidade de entrar na alma sem pedir licença, olhei para o lado e minha mãe também chorava. Ela inclusive carrega trecho da música de Roberto nas costas junto ao meu nome. Entendi bem sua emoção.
 
O setlist trouxe “Como Vai Você”, “Além do Horizonte”, “Desabafo”, “Detalhes”. Antes de cantar “Outra Vez”, ele lembrou Isolda Bourdot, a compositora e amiga morta em 2018: “Quem ama verdadeiramente, quem foi sempre será, Isolda minha querida hoje lá no céu escreveu essa canção com certeza de um amor que existia intensamente…”, disse, em voz de quem ainda sente. E cantou com fôlego de menino.
 
O mais fascinante, além das músicas, é olhar ao redor quando as luzes iluminam o público. Gente que mal canta porque está chorando. Outros se abraçam, fecham os olhos. É o tipo de coisa que nenhuma playlist do Spotify proporciona.
 
 
Roberto Carlos faz chorar até quem jurava que não iria se emocionar
Seis irmãs e a mãe, dona Dercília (de laranja à direita) realizaram um sonho de ver o Rei de perto. (Foto: Thailla Torres)
O rito das rosas é um caos hilário de se ver ao vivo
 
Roberto avisa no começo do show: “Cuidado na hora das rosas.” Como se adiantasse. Quando o momento chega, a histeria é indescritível. Mulheres, e alguns homens, se jogam na direção do palco. Teve gente que caiu, gente que arrancou a rosa da mão da outra e a despedaçou, gente que desistiu, gente que chorou porque conseguiu. Ou porque não conseguiu. Ver de perto é outra história.
 
Histórias de quem esperou a vida inteira
 
 
Entre as mesas, histórias que dariam outro show. Seis irmãs e a mãe, dona Dercília, compraram a mesa no dia em que souberam do evento. A mais nova tem 58 anos. “Esperamos mais de 50 anos para ver o Roberto de perto”, disse Ivanilde, com os olhos brilhando. Ao lado, Flora, que aos 16 anos já oferecia o som do Rei aos amigos: “Ele não tem igual. Até me arrepio só de falar dele.”
 
Próxima dali, uma fã que veio de Votuporanga, São Paulo: “Quando comecei a curtir Roberto, ele era um rei novinho. Continua lindo. Ele fala de amor de um jeito que entra no coração.”
 
Na frente do palco, a primeira-dama Monica Riedel, esposa do governador, levava os pais. “Quem é fã do Roberto é fã a vida inteira. Eu comecei meio a contragosto, mas no primeiro show me apaixonei. Ele é incrível, com músicos incríveis. Por isso tem essa longevidade.”
 
 
Governador Eduardo Riedel também esteve no evento com a esposa Mônica e sua família. (Foto: Thailla Torres)
 
Paulo e sua esposa foram presenteados com ingresso após matéria do Lado B e viram o Rei de pertinho. (Foto: Thailla Torres)
Entre os Maluf, o orgulho era duplo. Vilma, tia dos produtores locais Eduardo e Marcelo Maluf, estava no seu quinto show: “As músicas dele têm letra. São poesia.” Lia Maluf, mãe de Eduardo, veio de Curitiba e já planeja o próximo, em novembro, na sua cidade: “As músicas antigas falam de amor, de família. Música pura.”
Roberto Carlos faz chorar até quem jurava que não iria se emocionar
E tinha também Paulo César, o fã incondicional que saiu ontem no Campo Grande News por ficar feliz com um aceno do Rei no aeroporto. Final do dia ele ganhou ingressos da produção local. Foi de branco, com boné de marinheiro igual ao do Rei em seus cruzeiros. Chorou, cantou, agradeceu: “É um sonho realizado.”
 
O show de Roberto Carlos é para todos. Inclusive, e principalmente, para quem acha que não precisa ir. Porque, no fundo, ninguém sai igual. É música que atravessa gerações, memórias e certezas. É sobre amor, de todas as formas possíveis.
 
 
Às 23h10, quando as luzes do palco se apagaram, o Rei se despediu com seu “obrigada”, eu entendi minha mãe, as muitas tias, muitas avós. E entendi a mim mesma. Porque algumas coisas a gente só aprende quando vê de perto.
Roberto Carlos faz chorar até quem jurava que não iria se emocionar
 
Wilma Torres, fã incondicional de Roberto Carlos, viveu mais uma noite de emoção do início ao fim... e fez até a filha durona entender a experiência de ver o Rei ao vivo. (Foto: Thailla Torres)
 




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