- mell280
12/08/2025 08h20
Especialista, COP30 expõe urgência de planejamento urbano no Brasil
Belém do Pará se prepara para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá de 10 a 21 de novembro. Mais do que um marco diplomático, o evento projeta a cidade e o Brasil no centro do debate climático global. Mas junto com a visibilidade internacional também crescem os desafios. A capacidade hoteleira insuficiente, as obras emergenciais e as críticas quanto aos impactos ambientais e sociais evidenciam entraves estruturais enfrentados por muitas capitais brasileiras. Segundo especialistas, o que está em jogo não é apenas a realização do evento, mas a capacidade do país de demonstrar liderança urbana em tempos de emergência climática.
Para Mariana Pontes, diretora-presidente da Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), a COP30 ressalta o papel do planejamento urbano estratégico no enfrentamento à crise climática. A agência esteve em Belém no contexto do projeto CITinova 2, promovendo oficinas participativas e aplicando metodologias já utilizadas no Plano Recife 500 Anos. “A COP30 mostra como o planejamento urbano estratégico é uma ferramenta concreta para enfrentar as mudanças climáticas, especialmente em territórios vulneráveis como Belém. O momento exige uma abordagem integrada, que leve em conta infraestrutura, inclusão social e sustentabilidade de forma articulada”, afirma.
O envolvimento da ARIES com a agenda da COP30 não se limita à atuação em Belém. Em maio deste ano, a agência também participou da 19ª Conferência Internacional sobre Adaptação Comunitária às Mudanças Climáticas (CBA19), realizada pela primeira vez na América Latina, em Recife. O evento, considerado um preparatório para a COP30, reuniu experiências e soluções lideradas localmente para adaptação às mudanças climáticas, reforçando a importância da articulação entre cidades e comunidades no combate aos impactos ambientais.
A poucos meses da COP30, a experiência de Belém se tornou simbólica para o Brasil e para o mundo. As dificuldades de organização escancaram o impacto da ausência de uma visão estratégica de cidade. A comparação com eventos anteriores, como a Copa do Mundo de 2014, evidencia a importância de alinhar obras, investimentos e planejamento de forma responsável e coordenada. O futuro das cidades depende cada vez mais de sua capacidade de liderar ações efetivas contra a crise climática. E isso exige planejamento robusto, contínuo e participativo. Segundo a especialista, “Belém nos ensina que não há combate à emergência climática sem envolver o território e quem vive nele. Construir cidades resilientes exige diálogo, protagonismo social e visão de longo prazo. Esse é o caminho para que nossas cidades não apenas sobrevivam às transformações climáticas, mas também liderem soluções para elas", conclui Mariana Pontes.
Sobre a Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES)
A Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) é uma organização social apartidária do Terceiro Setor que atua há mais de uma década impulsionando cidades mais inovadoras, sustentáveis, resilientes e menos desiguais. Conectando estrategicamente sociedade civil, poder público e setor privado, a ARIES transforma ideias em ações e desafios em oportunidades. Com foco no planejamento de longo prazo e na inovação urbana, promove processos participativos e soluções baseadas em evidências para tornar as cidades mais inclusivas, inteligentes e preparadas para o futuro.