Falar de finanças dentro de determinados ambientes sempre foi visto como um tabu, seja por acreditarem que o assunto dinheiro era algo pessoal e íntimo, ou por não quererem que outras pessoas se envolvessem. Mas em algumas famílias, a educação financeira sempre foi tratada da forma que deveria ser, como na casa de Clovis e Vanessa, pai e filha que lembram da infância e dos assuntos financeiros como algo positivo que viveram e compartilharam com a família. 

“‘Quem poupa tem’, esse era o lema da família. Sempre dizíamos que o importante não é o quanto se ganha, mas como se gasta o dinheiro ganho. Não sei bem o que era mais difícil: ganhar o dinheiro ou fazê-lo render. Mas era uma necessidade que exigia controle, planejamento e reserva. Estabelecemos um percentual para cada um desses itens e encaixávamos nossas vidas dentro desses parâmetros. Sempre foi intencional, em virtude de ser essencial, não só para a sobrevivência, como para mostrar aos filhos a importância da educação financeira, mas também era dessa maneira que víamos a vida, com controle e responsabilidade”, explica Clovis Mota, bancário aposentado.

Apesar da boa relação com o dinheiro, não era sempre que dava para gastar com toda e qualquer coisa. Vanessa Cristiane Motta de Matos diz que, uma das lembranças mais marcantes da infância, era não ter o brinquedo da moda. Apesar de ser uma frustração na época, isso a ensinou a não comprar na emoção e é algo que perdura até hoje em sua vida, além de uma das bases dos seus ensinos de educação financeira, como o de não se endividar por impulso. 

Exemplos no dia a dia

A filha destaca que seu pai nunca falava diretamente sobre educação financeira, mas ensinava tudo na prática. Um dos exemplos mais marcantes era como ele tomava decisões diante de despesas extras, conforme relembra Clovis. “Sempre quando surgia algum fato que exigisse uma despesa extra, fazíamos uma análise mais ou menos assim: ‘É bom? Tenho necessidade disso agora? Tenho condições de comprá-lo à vista? Se não posso comprar à vista, tenho condições de assumir a dívida?’ Isso não era feito de maneira didática, mas de forma que eles pudessem observar como se tomava a decisão, e assim tivessem uma referência no futuro”. 

Mesmo sustentando sozinho uma família com cinco filhos e uma esposa, Clovis conseguia manter a organização financeira e até proporcionar viagens anuais. Vanessa acredita que o que o diferenciava era justamente o planejamento. “A maioria das pessoas ao meu redor não tem planejamento financeiro, gastam mais do que recebem, não colocam no papel seus objetivos a serem cumpridos e nem como irão alcançá-los. E meu pai fazia exatamente o oposto. Planejava cada viagem, fazia poupança para cada objeto e nunca gastava mais do que recebia. Grande parte das pessoas fala que não investem ou não poupam porque nunca sobra. Na verdade, o que precisa ser feito antes de qualquer coisa é poupar ou investir, e depois gastar. O estilo de vida tem que caber no bolso mesmo depois de poupar. Se não está cabendo, mude o estilo de vida”, explica Vanessa.

Ela também destaca o papel da mãe. “Meu pai era o único que trazia recurso financeiro para dentro de casa, mas minha mãe cuidava com muito zelo de todos os nossos pertences e aquisições. Desde o mais básico: não precisa encher a escova de pasta de dente; basta colocar um pouco e escovar direito; se não está no ambiente, apague a luz; cuide do brinquedo, se não cuidar, não vai ganhar outro melhor porque tem que aprender a cuidar do inferior primeiro; e assim sucessivamente. A cada fala dela, ela nos colocava para refletir no tempo que meu pai ficava fora de casa trabalhando para dar tudo o que tínhamos dentro de casa”.

Ouvindo o pai, Vanessa tornou-se educadora financeira

Apesar de tudo que aprendia dentro de casa, Vanessa só percebeu anos depois que aquilo realmente era educação financeira. Foi com isso que a bancária tornou-se uma das fundadoras e sócias da Investeendo, startup que ensina educação financeira por meio da gamificação. “Eu só percebi que tudo o que havíamos aprendido era educação financeira quando me tornei adolescente. Eu via o quanto os pais dos meus amigos sofriam por questões de dinheiro mal resolvidas enquanto eles continuavam desperdiçando ou não cuidando do que tinham. Foi aí que eu entendi que, mesmo sem trazer dinheiro para casa – por ser criança –, eu contribuía com a manutenção dos recursos”. 

Hoje, Vanessa é mãe e, além de ter repassado tudo que aprendeu para a filha Mariana Motta de Matos, que também é cofundadora e sócia da startup, busca ensinar mães, pais e responsáveis a tratarem essas questões com seus filhos desde cedo. “Muitos pais podem pensar que educação financeira se trata apenas de falar sobre dinheiro ou ensinar a economizar. Mas é muito mais do que isso, se trata de uma série de atitudes e decisões que devem ser tomadas em situações rotineiras, que vão nos moldando de maneira a facilitar o controle financeiro”. 

Sobre a Investeendo

A Investeendo é uma startup fundada por Sam Adam Hoffmann, Vanessa Cristiane Motta de Matos e Mariana Motta de Matos, que une educação financeira e gamificação para transformar a relação de jovens com o dinheiro. Surgida de um encontro inusitado entre um professor da rede pública do Paraná e duas bancárias, a iniciativa já impactou mais de 6 mil jovens em três estados brasileiros por meio de uma metodologia própria e inclusiva, baseada em jogos analógicos e aplicativos em totens digitais, implementada em mais de 40 instituições de ensino. Reconhecida por sua inovação, a Investeendo participou do programa Shark Tank Brasil, conquistando visibilidade nacional, foi a grande vencedora do 12º Prêmio Legado de Empreendedorismo Social, recebeu o prêmio em 1º no Inovativa como a melhor startup em educação e foi uma das startups que receberam o selo Latam de Inovação da América Latina.  Para mais informações, acesse https://www.investeendo.com/ e acompanhe nas redes sociais (@investeendo_edu) e no LinkedIn: Investeendo.