14/07/2025 11h42 - Atualizado em 14/07/2025 12h47
Alerta de negligência veio 2 dias antes da morte de bebê estuprada pelo pai
Prefeitura se calou por dois dias, mas no sábado publicou nota onde afirma que não houve tempo hábil para agir
Por Dayene Paz
Após manter silêncio sobre a morte de uma bebê de apenas 1 ano e 9 meses, vítima de estupro, a prefeitura de Camapuã, cidade a 141 km de Campo Grande, publicou uma nota nas redes sociais, onde lamenta o desfecho trágico e afirma que não houve tempo hábil para o Conselho Tutelar agir. O órgão diz ter sido notificado sobre negligência com a criança dois dias antes da morte.
A negligência se estende há meses. Segundo apurado pela reportagem, a pequena tratou uma infecção na traqueostomia, no Hospital Universitário, na Capital. Havia larvas e piolhos no procedimento. Além disso, a menina apresentava quadro de pneumonia.
Ela reagiu bem ao tratamento no hospital e recebeu alta no dia 8. A mãe retornou para Camapuã e, naquela noite, dormiu com o pai da criança, que estuprou a filha. A menina chegou a brincar no outro dia, segundo relatado pela mãe à polícia. Contudo, passou mal e já chegou sem vida na unidade de saúde da cidade.
No hospital de Camapuã, a equipe médica percebeu os vestígios de abuso sexual. Então, acionou a polícia. O pai confessou o crime, alegando que não "segurou os impulsos sexuais". Ele está preso desde a data da morte da filha.
Os órgãos competentes, como prefeitura, Assistência Social e Conselho Tutelar foram questionados pela imprensa sobre o acompanhamento da família, tendo em vista os indícios de negligência. Contudo, ninguém havia se manifestado até sábado (12). Vizinhas da família chegaram a fazer manifestação, revoltadas com uma possível omissão da mãe da bebê e dos órgãos competentes.
No sábado, então, a prefeitura de Camapuã publicou uma nota nas redes sociais explicando sobre o atendimento à família da criança, que começou em janeiro de 2024. "(...) por encaminhamento do hospital local, em virtude de questões relacionadas à saúde da menor. O acompanhamento foi mantido até agosto de 2024, quando a família se mudou para o município de Jardim-MS".
O órgão afirma que no dia 18 de junho de 2025, a rede de proteção foi informada sobre o retorno da família a Camapuã, "ocasião em que foi realizado o atendimento à mãe". Poucos dias depois, a criança foi hospitalizada. "No dia 7 de julho, o Conselho Tutelar recebeu um ofício da unidade hospitalar de Campo Grande-MS, onde a criança se encontrava internada, apontando indícios de negligência". "No entanto, àquela altura, não havia previsão de alta médica que possibilitasse uma intervenção imediata por parte da rede local", completa a prefeitura.
A alta foi concedida no dia 8 de julho e, por volta das 21h, a criança retornou a Camapuã. "Lamentavelmente, veio a óbito na manhã seguinte, por volta das 9h. Desde o primeiro momento em que a situação foi formalmente comunicada à rede de proteção, todas as providências cabíveis, dentro das competências legais do município, foram adotadas com responsabilidade, agilidade e sensibilidade", concluiu a nota.
Revolta - No sábado, a mãe da bebê teve que ser levada para o quartel da PM (Polícia Militar) de Camapuã por medida de segurança. A decisão foi para preservar a integridade física da mulher, diante da forte comoção e revolta que tomou conta da cidade. A Polícia Civil ainda investiga o caso e apura se houve omissão por parte da mãe. Até o momento, não há elementos concretos que indiquem sua participação direta no crime.

veja também
Emendas da Senadora
Senadora Soraya Thronicke vem a Maracaju para entrega de materiais que serão destinados às brinquedotecas das escolas municipais
Pesquisa do Procon-MS