10/07/2025 10h53
Orgulho, lágrimas e zoações: a ressaca emocional de torcedores e times brasileiros pós-eliminação no Mundial de Clubes
Bittenca.com
Psicólogos explicam como torcidas podem lidar melhor com emoções e provocações rivais; atletas também precisam se atentar aos próprios sentimentos
Primeiro foram Botafogo e Flamengo. Depois, o Palmeiras. E, por último, nesta terça-feira, o Fluminense. Em busca do tão sonhado título na primeira edição da Copa do Mundo de Clubes de futebol, realizada nos Estados Unidos, os representantes brasileiros acabaram eliminados, causando em seus torcedores os mais variados sentimentos: orgulho, alegria, tristeza, decepção, raiva, revolta e tantos outros. E como lidar com todos eles, ainda mais com as brincadeiras e zoações dos rivais? Os psicólogos Êdela Nicoletti e Vinícius Dornelles, da DBT Brasil, explicam.
Botafogo e Flamengo caíram nas oitavas de final. O Palmeiras foi um degrau acima, mas não passou das quartas. O Fluminense foi o melhor dos quatro, mas parou nas semifinais. Entre a sensação de ver seus times entre os melhores do mundo, vencer clubes europeus, disputar partidas contra jogadores da primeira prateleira mundial e a frustração pela eliminação, seja por falhas, inferioridade ou adversidades, flamenguistas, botafoguenses, palmeirenses e tricolores acabam ocupando um lugar comum.
“O futebol não é só esporte, é identidade, história, vínculo familiar e social”, explica Êdela Nicoletti, psicóloga especialista em DBT.
Para Vinícius Dornelles, o impacto das derrotas vai além do resultado em campo. “É importante entender que o torcedor projeta muitas expectativas e sonhos no time. A queda traz sentimentos de injustiça, impotência, vergonha ou medo das provocações dos rivais. Esses sentimentos são legítimos, mas precisam ser reconhecidos para não virarem algo maior, como raiva desproporcional ou isolamento”, destaca o psicólogo.
Os sentimentos adversos são mais comuns, mas é necessário destacar as emoções positivas, como o orgulho em ver a equipe presente nas etapas derradeiras, perto de chegar ao ápice, que seria a conquista de um título mundial. “Mesmo na derrota, existe espaço para valorizar o caminho percorrido. A emoção saudável é a que nos permite sentir tristeza sem deixar que ela nos consuma ou nos afaste do que valorizamos, como o amor pelo clube”, acrescenta Êdela.
E para quem está em campo?
As imagens da entrevista do colombiano John Arias, do Fluminense, após a eliminação do clube carioca para o Chelsea, repercutiram muito por um fato incomum nas coletivas pós-jogo: o jogador foi humano, permitiu que as lágrimas viessem e pediu desculpas aos torcedores do Tricolor pela queda do time, a um passo da grande final. Tal situação abre espaço para ainda outra discussão: os sentimentos que uma derrota gera ao próprio atleta.
“Para o jogador, há o peso da responsabilidade, a dor pela própria frustração e também o medo do julgamento público. Chorar não é sinal de fraqueza, mas de humanidade. E permitir sentir a dor é o primeiro passo para processá-la de forma saudável”, afirma Vinícius Dornelles.
Para Êdela Nicoletti, cenas como a de Arias podem até ajudar na saúde emocional coletiva. “Quando um atleta se permite ser vulnerável, ele também ensina à torcida que sentir tristeza não é motivo de vergonha. Isso pode humanizar o esporte e ajudar a reduzir a pressão desumana que muitas vezes recai sobre jogadores e torcedores”, finaliza a psicóloga.
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