“Temos que olhar o índio como um cidadão brasileiro, que tem os mesmos direitos de qualquer pessoa”. Com essa frase o candidato ao Senado, Antonio João (PSD), resumiu sua visão sobre a problemática indígena no País e, principalmente, em Mato Grosso do Sul, Estado que abriga a segunda maior população indígena do Brasil, com 73.295 índios, conforme dados do último Censo do IBGE, ficando atrás apenas do Amazonas. No total, são 896,9 mil índios no Brasil.

Mas não é somente a população indígena que é grande. Os problemas de infraestrutura nas aldeias também são muitos e expõem esses indivíduos a várias situações de risco. “Os índios, especialmente as crianças, estão em contato com todo tipo de problema, desde drogas até prostituição”, lamentou o candidato.

Antonio João disse que as condições desumanas observadas em boa parte das aldeias do Estado equivalem a escravidão. “A princesa Isabel decretou a Lei Áurea em 1888, mas ela não acabou totalmente no Brasil porque de certa forma o índio ainda é escravo. Não há amparo do Governo Federal para que ele se torne, de fato, um cidadão”.

O candidato acredita que o maior problema está na administração equivocada da Funai (Fundação Nacional do Índio). Criada no final da década de 60 para cuidar das necessidades indígenas, o órgão ficou sucateado ao longo dos anos com a falta de investimentos do Governo Federal. Sem funcionários e infraestrutura adequados, a Fundação não consegue suprir as necessidades da população indígena.

“A Funai concentra os índios em reservas que mais parecem campos de concentração e se beneficia disso porque tem muita gente se aproveitando das falhas do sistema. Os índios acabaram virando escravos da União”, afirmou.

Para que esse quadro de abandono das aldeias seja revertido, é preciso que deputados e senadores eleitos cobrem ações efetivas do Governo Federal. “O índio precisa de uma política séria, voltada para suas necessidades e que respeite suas raízes. É isso que o senador precisa cuidar”, ressaltou Antonio João.

A saúde e a educação, dois dos principais pontos defendidos pelo candidato em sua campanha, também estão esquecidos nas aldeias, segundo ele. “É a maior covardia que eu conheço. Eles não têm tratamento odontológico, nem médico adequados”.

Prova desses problemas constantes foi a situação enfrentada no final do ano passado pela Casa de Apoio à Saúde Indígena, em Dourados, município que abriga a maior parte da população de índios de Mato Grosso do Sul. No final de 2013, o local estava em situação precária, sem leitos, com móveis quebrados, infiltrações, falta de material de limpeza e quartos sem luz.

Os problemas colocaram em risco a saúde dos indígenas atendidos no local, que acabaram sendo transferidos para hospitais da região.

Na opinião de Antonio João, as crianças que vivem nas aldeias são as que mais sofrem com esse descaso político. “É preciso dar a elas uma escola especial para que saiam dessa situação de risco”, enfatizou, complementando: “Muita gente acha que basta dar a eles uma cesta básica que está tudo resolvido. Está errado! Cabe ao senador obrigar o governo a cuidar dos índios para que eles saiam dessa condição de escravos”, concluiu.