- mell280
11/11/2025 18h20
A armadilha da produtividade: por que fazer mais nem sempre leva ao crescimento
Em um cenário de hiperatividade digital, empreendedores e equipes confundem volume de tarefas com resultados sustentáveis, elevando riscos de burnout e estagnação.
Em um cenário onde a alta performance virou sinônimo de fazer mais em menos tempo, cresce a percepção de que produtividade sem direção tem gerado mais esgotamento do que crescimento. A Atlassian, referência global em software de gestão e produtividade corporativa, revelou em sua pesquisa de 2025 que, embora 68% dos profissionais economizem mais de dez horas semanais com automação, 90% ainda perdem o mesmo tempo com ineficiências organizacionais e sobrecarga operacional .
Robson V. Leite é estrategista e mentor especializado em estruturação e crescimento de negócios digitais. Fundador do programa Agência de Valor, já ajudou milhares de empreendedores e agências a saírem do ciclo da sobrecarga e adotarem modelos sustentáveis de crescimento com base em processos e gestão inteligente.
Segundo o especialista, a obsessão por produtividade tem se tornado uma armadilha silenciosa. Muitas empresas confundem estar ocupadas com estar crescendo, acumulando tarefas sem construir uma base sólida de operação. Robson explica que a produtividade verdadeira está em gerar valor com consistência, e não em expandir a agenda de tarefas. “O problema não é trabalhar demais, é trabalhar sem estratégia. Produzir mais pode significar apenas repetir os mesmos erros em escala maior”, afirma o mentor.
A produtividade sem propósito leva a uma ilusão de avanço. Empresas que priorizam volume em vez de impacto acabam presas em ciclos de urgência, com baixa previsibilidade e alto desgaste das equipes. Robson destaca que o primeiro passo para romper esse padrão é transformar o dono em líder, capaz de olhar para o negócio de fora da operação. “Crescimento sustentável exige tempo para pensar. E pensar é o que o empresário sobrecarregado menos faz”, reforça o estrategista.
Para ele, a solução não está em fazer menos, mas em fazer com direção. Mapear processos, identificar gargalos e criar métricas que mensurem resultado, e não esforço, são práticas que separam negócios reativos de estruturas escaláveis. Além disso, cultivar uma cultura de autonomia e clareza entre os times ajuda a transformar produtividade em performance mensurável.
Robson ainda ressalta que as empresas que mais crescem são aquelas que sabem equilibrar execução e reflexão estratégica. “A eficiência real acontece quando a equipe entende o que deve fazer e por que faz. Quando há clareza de propósito, o tempo vira investimento, não custo”, conclui.
Em um mercado onde a velocidade dita o ritmo, a verdadeira vantagem competitiva está em saber desacelerar para ganhar direção. E é justamente essa mudança de mentalidade, da pressa para a precisão, que separa quem apenas trabalha muito de quem cresce de verdade.


