28/10/2025 12h30
Diversidade indígena salta 60% em 12 anos; veja quais etnias chegaram a MS
Levantamento do IBGE indica que número de povos originários subiu de 79 para 127 entre 2010 e 2022
Por Inara Silva
Mato Grosso do Sul registrou o maior crescimento percentual no número de etnias indígenas do país nos últimos 12 anos, segundo o Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O levantamento mostra que o Estado seguiu a tendência nacional de ampliação da diversidade indígena entre 2010 e 2022, passando de 79 para 127 etnias declaradas, um aumento superior a 60%, que o coloca entre os três estados com maior expansão, ao lado de Roraima e Tocantins.
Em todo o país, apenas o Amapá não registrou aumento no número de etnias, embora tenha mantido as mesmas dentro das terras indígenas. Os estados com maior ampliação em números absolutos foram Amazonas, Bahia e Goiás.
Línguas indígenas resistem em MS e guarani-kaiowá é a 2ª mais falada no Brasil
Somente em Campo Grande, o levantamento identificou 97 etnias diferentes. De fora do Estado, por exemplo, o IBGE cadastrou 193 pessoas Bororo, etnia de Mato Grosso. Do exterior, foram registradas quatro Aimara, da Bolívia. Em Dourados, o Censo identificou oito Warao, indígenas da Venezuela. Dentro das Terras Indígenas do Estado, o total de etnias passou de 19 para 28 no mesmo período.
Durante o lançamento da pesquisa, o gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, afirmou que o aumento da diversidade étnica em cidades médias está ligado à presença de universidades, políticas de inclusão e mobilizações indígenas. “Campinas, Foz do Iguaçu e cidades do Mato Grosso do Sul passaram a ser polos de atração da população indígena. Isso mudou o mapa da diversidade no Brasil na última década”, destacou.

Indígenas em frente à evento em Miranda, no Pananal de MS (Foto: Divulgação)
Para a professora Rosa Colman, da FAIND (Faculdade Intercultural Indígena) da UFGD (Universidade da Grande Dourados), os resultados podem estar relacionados à mudança da metodologia aplicada nesta pesquisa. Conforme divulgou o IBGE, diferentemente de 2010, neste levantamento, os pesquisadores ampliaram a cobertura para todas as pessoas em localidades indígenas e incluíram a pergunta: "Você se considera indígena?"
Doutora em Demografia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a professora Rosa Colman comenta que os resultados abrem muitas possibilidades para conhecer as etnias do Brasil e podem resultar em desdobramentos nas pesquisas. Ela explica que a migração é uma característica geralmente presente no perfil dos indígenas e pode estar relacionada também a oportunidades.
Atualmente, Mato Grosso do Sul tem 116.469 pessoas indígenas, o que representa 4,22% da população do Estado, estimada em 2,75 milhões de habitantes. Do total de indígenas, 58,97% (68.682 pessoas) vivem em TIs (Terras Indígenas) e 41,03% (47.787 pessoas) fora delas. As maiores populações são das etnias Guarani Kaiowá, com 44.575 pessoas, e Terena, com 42.492.

Exposição de arte indígena em Campo Grande. (Foto: Divulgação)
O levantamento também mostrou crescimento no número de línguas faladas dentro das TIs. Em 2022, foram declaradas 248 línguas, 34 a mais que as 214 registradas em 2010, reforçando a complexidade cultural e a diversidade dos povos originários no Estado e em todo o país.
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