20/09/2025 04h03
Primavera dos Museus abre debate sobre memória, cultura e mudanças climáticas
Museus e mudanças climáticas podem parecer pouco relacionados. Mas uma mesa redonda organizada pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul para a abertura da 19ª Primavera dos Museus oferece a oportunidade de discutir um tema que é a chave do nosso futuro em espaços que, historicamente, promovem e incentivam a preservação patrimonial, inclusive ambiental. Com transmissão ao vivo no canal da FCMS no Youtube, o debate “Museus e Mudanças Climáticas” está marcado para segunda (22 de setembro), a partir das 18 horas, e é aberto ao público.
Participam a antropóloga Laura Pael, coordenadora do Museu de Arqueologia da UFMS (MuArq) e Fernanda Reverdito, coordenadora do Ponto de Memória “Casa da Memória Raída”. Coordenadores e profissionais de museus e casas de memória, agentes culturais, estudantes e toda a comunidade interessada mergulhará em discussões sobre o fortalecimento do papel dos museus como instituições de reflexão, preservação e transformação social.
Ao eleger o tema “Museus e Mudanças Climáticas”, a Primavera dos Museus provoca uma reflexão sobre a convergência entre os espaços de memória e as urgências ambientais que marcam o presente. Museus, arquivos e centros de memória são guardiões de acervos que narram histórias de comunidades e territórios, e ao mesmo tempo se tornam espaços privilegiados para promover educação ambiental, incentivar práticas sustentáveis e estimular a consciência crítica da sociedade.
Para a coordenadora do Sistema Estadual de Museus de MS, Cristiane Freire, a edição deste ano reforça o compromisso das instituições culturais em aproximar memória e meio ambiente.
“Nesta edição, o tema propõe uma reflexão sobre as ações e o papel dos museus na conscientização em relação à crise climática. Os museus e espaços de memória, com sua capacidade de fomentar reflexões e debates, desempenham um papel fundamental ao abordar essa realidade, que se apresenta há tempos, mas ainda não é totalmente compreendida”, destacou.
Segundo Cristiane, o patrimônio cultural sob a guarda dos museus oferece ferramentas valiosas para estimular a reflexão sobre as conexões entre cultura e meio ambiente. “A força dos museus reside na capacidade de promover reflexões e discussões, utilizando o vasto patrimônio cultural sob sua custódia. Diante dos desafios ambientais globais, essas reflexões podem contribuir para a construção de um futuro mais equilibrado”, completou.
A proposta é mostrar que preservar a história e enfrentar os desafios ambientais são ações complementares, indispensáveis para garantir não apenas a continuidade do patrimônio cultural, mas também a qualidade de vida das próximas gerações.
Participantes
No debate, as participantes, assim como o público, dialogam sobre o papel das instituições museais na conscientização sobre as mudanças climáticas e no fortalecimento de práticas culturais sustentáveis. Conheça mais sobre elas.
Laura Roseli Pael Duarte possui graduação em História (Licenciatura) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, especialização em Educação Ambiental em Espaços Educadores Sustentáveis pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mestrado em Antropologia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e é doutoranda em Ensino de Ciências - INFI/UFMS com ênfase em Educação Ambiental.
Atua nos temas de Arqueologia, Patrimônio Cultural, Educação Patrimonial e Educação Ambiental. Integrante do Grupo de Pesquisa em Arqueologia, Educação e Patrimônio Cultural do MuArq- CNPq.
Atualmente é responsável técnica do Museu de Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (MuArq/UFMS).
Fernanda Reverdito é atriz, pesquisadora e gestora cultural. Natural de Bonito (MS), atua há mais de 30 anos na pesquisa da cultura popular regional.
Transformou parte de sua residência em um museu comunitário, utilizando a contação de histórias como principal ferramenta educativa e de mediação cultural.
O espaço recebe regularmente estudantes do município de Bonito e região, bem como turistas que visitam a cidade.
Em 2023, o museu foi certificado como Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), abrigando um acervo das etnias Kadiwéu, Terena e Kinikinau, além de exposição fotográfica dos antigos moradores e um pequeno teatro dedicado às artes cênicas.
Fernanda Reverdito é atualmente conselheira do Comitê do Programa Pontos de Memória do IBRAM, fortalecendo a articulação entre iniciativas comunitárias e a política nacional de museus.
Programação em Mato Grosso do Sul
Em Campo Grande e em outras cidades do estado, a programação da 19ª Primavera dos Museus reúne oficinas, exposições, lançamentos e atividades educativas que dialogam diretamente com o tema proposto:
22 a 24 de setembro, das 8h às 11h– Workshop “Registro, manipulação, conservação e preservação de acervos”, no Museu da Imagem e do Som (MIS), com atividades voltadas à conservação de acervos técnicos, em papel, fotográficos e audiovisuais.
23 de setembro, 19h – Exposição “Passeio da Alma”, da artista visual Amanda Monteiro, no MIS.
24 de setembro, 12h – Lançamento do projeto “Cine Meio Dia”, no MIS, com exibição de curtas-metragens regionais, nacionais e internacionais, em sessões gratuitas.
25 de setembro, 18h – Exposição fotográfica “Parto: Histórias que nascem”, no MIS, disponível até 10 de outubro.
26 de setembro, 19h – Exposição “Nos Trilhos da Memória”, de Rachid Waqued, que revisita o centenário da estrada de ferro Noroeste do Brasil. A mostra poderá ser visitada até 10 de novembro.
27 de setembro, 18h – Lançamento do livro “Palavras Delas – Uma Coletânea Expressões do Fantástico”, reunindo contos de escritoras sul-mato-grossenses.
No Museu de Arte Contemporânea (MARCO), ações virtuais sobre acervo e artistas, além da Oficina de Arte Frottage (26/09, 12h) e do Projeto Circula MARCO, que levará atividades educativas para Nova Andradina.