26/08/2025 08h40
Entenda detalhes do que prevê o PL contra a "adultização" de crianças
Proposta representa um novo capítulo no marco digital no País, apresentando uma autoridade autônoma, verificação de idade mais rigorosa e multas de até R$ 50 milhões para plataformas
Especialista explica os pontos centrais estão no PL da Adultização, também chamado de “ECA Digital”. O texto, que cria regras para proteger crianças e adolescentes em ambientes digitais, prevê a retirada ágil de conteúdos gravíssimos, verificação confiável de idade, controles parentais robustos, proibição de perfilamento para publicidade infantil e multas que podem chegar a 10% do faturamento no Brasil ou a R$ 50 milhões por infração.
Para o advogado Marco Antonio Araujo Jr., advogado e presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB, o projeto representa um avanço, mas não é suficiente para resolver o problema da exposição precoce de crianças e adolescentes na internet.
“O atual vazio regulatório no ambiente online motivou o PL 2628/2022. O apelido de ‘ECA Digital’ faz sentido porque o ECA original não contém mecanismos de controle parental, moderação ativa, limites de publicidade ou requisitos para que plataformas restrinjam o acesso de crianças e adolescentes a conteúdos digitais. É um avanço, mas ainda deixa lacunas importantes”, avalia.
O texto também prevê uma autoridade administrativa autônoma, criada por lei, que deverá regulamentar e fiscalizar o cumprimento das normas. Entre as medidas, o PL também determina que plataformas digitais adotem ações “razoáveis” para evitar o acesso de menores a conteúdos impróprios, como exploração sexual, violência, jogos de azar, assédio e publicidade abusiva.
Ele lembra que, embora o ECA já tipifique crimes como pornografia infantil, ainda não há dispositivos que tratem diretamente da sexualização precoce, por exemplo.
“Não há, atualmente, uma legislação específica sobre sexualização precoce. O ECA tipifica condutas como a pornografia infantil, mas não prevê dispositivos voltados à criminalização da adultização ou a estratégias digitais que incentivem esse fenômeno”, diz Marco Antonio.
O texto também exige mecanismos confiáveis de verificação de idade, substituindo a atual prática de autodeclaração, fortalecendo os instrumentos de supervisão parental e obriga a retirada imediata de conteúdos criminosos, como pornografia, incentivo à automutilação e assédio, quando houver notificação da vítima, de seus representantes, do Ministério Público ou de entidades de defesa da criança, sem necessidade de ordem judicial.
Para ele, o papel dos pais e tutores continua sendo crucial. “Os responsáveis precisam monitorar as atividades dos menores, precisam saber o que as crianças estão fazendo enquanto estão conectadas. Não é porque estão dentro de casa, usando o computador, que estão protegidas”, alerta.
Desafios
O texto preserva a liberdade de imprensa e de expressão, limitando a retirada imediata apenas a conteúdos gravíssimos. Essa salvaguarda foi uma das principais disputas durante a tramitação, por envolver riscos de censura indevida.
Por isso, o projeto toca em pontos sensíveis, mas sua eficácia dependerá de como será implementado. Ele lembra que, no ambiente digital, o direito ao esquecimento é quase impossível.
“O desafio é lembrar que o direito de liberdade de expressão não é absoluto e deve sempre ser equilibrado com outros direitos que são tão relevantes quanto, como o direito à vida, saúde e segurança, o direito à intimidade e o dever de proteção ao menor”, afirma.
O PL prevê sanções que vão de advertências a multas que podem alcançar R$ 50 milhões ou 10% do faturamento do grupo econômico no Brasil. Em casos mais graves, há previsão de suspensão ou banimento das atividades.
O texto aprovado volta para análise do Senado, que é onde o projeto teve origem, e se aprovado, vai para sanção do Presidente da República.
Fonte: Marco Antonio Araujo Jr., advogado e presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB
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