19/08/2025 07h37
Cenário político de Mato Grosso do Sul passa por realinhamentos com filiação de Riedel ao Progressistas
Hosana de Lourdes

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, oficializa nesta terça-feira (19), em Brasília, sua filiação ao Progressistas (PP). A mudança encerra um ciclo de quase três décadas em que o PSDB esteve à frente do comando do Estado, desde 1994, e simboliza um novo tempo de rearranjos partidários e estratégias de sobrevivência política no Brasil pós-polarização.
A escolha de Riedel pelo PP tem razões sólidas. A legenda já possuía expressão em nível estadual sob a liderança da senadora Tereza Cristina, figura influente no Congresso Nacional e voz respeitada junto ao campo bolsonarista, além do presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro. Com a chegada do governador, o partido se consolida como o principal polo de poder de Mato Grosso do Sul, controlando ao mesmo tempo o Executivo estadual, a Assembleia e contando com uma das mais prestigiadas lideranças nacionais.
O movimento reforça a imagem do PP como um dos partidos mais camaleônicos da política brasileira. A sigla já esteve na base de governos petistas, tucanos e bolsonaristas, sempre mantendo espaço de relevância. Agora, no cenário sul-mato-grossense, amplia seu protagonismo.
Enquanto isso, o ex-governador Reinaldo Azambuja articula sua filiação ao PL. Embora ainda não haja data definida, aliados consideram o ingresso inevitável. A movimentação devolve fôlego ao partido, que vinha fragilizado por disputas internas e pela perda de sintonia com setores conservadores locais.
De forma estratégica, Riedel amplia a força do Progressistas, já robusto sob a condução de Tereza Cristina e fortalecido por lideranças como Gerson Claro. Esse novo arranjo cria um bloco articulado entre PP e PL, sustentado pela proximidade política entre Riedel e Azambuja e pelo elo direto de Tereza Cristina com Jair Bolsonaro. Na prática, o desenho aponta para uma caminhada conjunta nas eleições de 2026, tendo como prioridade a reeleição do atual governador.

Efeitos no cenário nacional
A presença de Riedel no PP e a migração de Azambuja para o PL projetam uma aliança hegemônica, capaz de reorganizar chapas majoritárias e proporcionais. A leitura é de que partidos médios, como PSD e União Brasil, encontrarão dificuldades em apresentar alternativas competitivas sem compor com esse bloco.
O efeito imediato é visível: o PP, já influente, assume posição central no governo; o PL, em fase de retração, se revitaliza com a chegada de Azambuja. Unidos, os dois partidos passam a desempenhar o papel de eixo estruturante da política sul-mato-grossense.
No âmbito nacional, a saída de Riedel do PSDB representa mais um capítulo no processo de esvaziamento da legenda. Em 2022, os tucanos ainda governavam três estados; menos de dois anos depois, todos os governadores deixaram a sigla. A ida de Riedel para o PP confirma a dificuldade dos partidos tradicionais em reter lideranças executivas.
O movimento também reflete a lógica predominante da política atual: governadores buscam siglas que ofereçam estrutura eleitoral, capilaridade regional e acesso a recursos de campanha — e não, necessariamente, identidade ideológica.
Aliança antecipada
Com as movimentações de Riedel e Azambuja, Mato Grosso do Sul tende a se tornar um dos estados mais alinhados politicamente para 2026. PP e PL, juntos, oferecem algo que nenhuma outra frente dispõe hoje: governo estadual, base legislativa consistente, conexão nacional e um projeto de poder bem definido.
A prioridade, portanto, é explícita: garantir a reeleição de Eduardo Riedel. E, dependendo do cenário nacional, esse arranjo pode transformar o Mato Grosso do Sul em vitrine de como partidos de centro-direita buscam se reorganizar num ambiente em que antigos protagonistas, como o PSDB, passam a figurar como coadjuvantes.

veja também
Reunião FPA
Reunião FPA: Governo de MS destaca Lei do Pantanal e política de apoio à produção no campo
ESG na gestão pública
Fiems e Secretaria de Administração firmam acordo para promover agenda ESG na gestão pública
Eleições 2026 - Realinhamentos