- mell280
02/06/2025 09h31
Dia Mundial do Meio Ambiente: a cafeicultura que protege a natureza
Cerrado Mineiro é referência em práticas sustentáveis e agricultura regenerativa
No Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho, a cafeicultura brasileira se apresenta como destaque, ao mostrar que é possível conciliar alta produção e sustentabilidade. O Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, tem adotado cada vez mais práticas que minimizam impactos ambientais. Atualmente, a produção de café é responsável por apenas 0,1% da área desmatada no país, um indicativo de que é possível produzir sem destruir, de acordo com um estudo do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS).
É importante observar que a cafeicultura brasileira já utiliza há muitos anos práticas sustentáveis, como o uso racional de recursos naturais, preservação de vegetação nativa e redução de emissões de gases de efeito estufa. Essa tendência ganha ainda mais força com a adoção da agricultura regenerativa, que além de preservar, recupera o meio ambiente.
“O sombreamento natural com árvores nativas, plantio consorciado com frutas e legumes, adubação verde e recuperação de áreas degradadas é essencial para que possamos ter um meio ambiente saudável para que possamos produzir café por muitos e muitos anos. A regeneração do solo aumenta a produtividade no longo prazo, reduz a dependência de insumos, fortalece a biodiversidade e contribui para a captura de carbono, colaborando com o enfrentamento das mudanças climáticas”, diz Farlla Gomes, gerente técnica de sustentabilidade da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer).
Outras práticas sustentáveis
- Uso de técnicas de manejo integrado de pragas e doenças, que reduzem a necessidade de agrotóxicos;
- Uso de adubos orgânicos, que promovem a fertilidade do solo sem prejudicar o meio ambiente;
- Implantação de sistemas agroflorestais, que combinam a produção de café com a conservação da biodiversidade;
- Promoção de boas condições de trabalho e de remuneração justa para os trabalhadores envolvidos na produção.
Iniciativas
Na vanguarda desta transformação, a Expocacer, implementa projetos únicos e possui um departamento técnico para auxiliar e inspecionar essas iniciativas juntos aos produtores. Atualmente, os produtores somam mais de 15.000 hectares de propriedades com selo regenerativo. A equipe especializada orienta os cooperados para que atendam aos critérios das principais certificações de mercado, como a certificação em Agricultura Regenerativa da Regenagri, auditada pela Control Union, do Reino Unido.
A Expocacer desenvolveu ainda seu próprio protocolo de sustentabilidade, chamado ECO, que segue os critérios ESG. Reconhecido pela Global Coffee Platform (GCP), o protocolo assegura que os cafés produzidos atendam aos mais altos padrões internacionais, com base em requisitos críticos de sustentabilidade e melhoria contínua. “Nossa intenção é promover, fomentar e nutrir uma cafeicultura de vanguarda atrelada ao impacto”, afirma Farlla.
Outro projeto de destaque é o Consórcio Cerrado das Águas (CCA), uma ação conjunta da Expocacer com parceiros públicos e privados, que já impactou mais de 150 mil pessoas. A iniciativa implementou estratégias em mais de 1.143 hectares, com foco na saúde do solo e na gestão hídrica. Os resultados são expressivos: índice de manejo de carbono de 86,63%, além da recuperação de áreas e estímulo à biodiversidade local.
Para o produtor Fernando Beloni, estas iniciativas vêm para atestar as práticas que já são aplicadas pela maioria dos cafeicultores da região. “A verificação de carbono, por exemplo, consolida e comprova práticas de sustentabilidade na agricultura da Região do Cerrado Mineiro, que já fazemos há anos, servindo de modelo para o mundo, tanto em termos ambientais, sociais como econômicos. Com este selo e outros, podemos comprovar que somos protagonistas neste papel crucial de contribuir com um futuro mais sustentável, com redução de impacto nas mudanças climáticas”.
A Expocacer foi a primeira a receber o Selo Ouro de inventário de carbono do Programa Brasileiro GHG Protocol, além de possuir o selo Carbon on Track, do Imaflora, que atesta sua produção de baixo carbono. Durante as inspeções, foi registrada uma emissão de apenas 0,85 tonelada de CO₂ equivalente por hectare ao ano — um número considerado baixo para o setor.
O papel do consumidor
A responsabilidade ambiental na cadeia do café não termina no campo. O consumidor também exerce um papel crucial ao optar por cafés certificados como sustentáveis, incentivando práticas responsáveis e valorizando quem produz com consciência ambiental.
Consumidores que compartilham, debatem e apoiam iniciativas sustentáveis ajudam a moldar políticas públicas e tendências de mercado. Isto também estimula a cadeia do café a ser cada vez mais transparente quanto à origem, práticas ambientais e sociais envolvidas na produção.
“A cafeicultura brasileira prova que produção e preservação podem caminhar lado a lado. Com iniciativas como as da cooperativa, o setor dá um passo firme em direção a um futuro em que o café venha acompanhado do frescor da floresta em pé”, diz Simão Pedro de Lima, diretor presidente executivo da Expocacer.
Semana do Meio Ambiente Expocacer
Este ano, em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a Expocacer terá uma programação especial dedicada à conscientização de cooperados, colaboradores e da comunidade local sobre a importância da conservação ambiental. As atividades serão realizadas entre os dias 02 e 06 de junho, com visitas educativas a escolas estaduais da região, rodas de conversa e ações práticas de sensibilização, reforçando o compromisso da cooperativa com o desenvolvimento sustentável e com a formação de uma cultura voltada para o cuidado com o meio ambiente.
Sobre Expocacer
Criada em 1993 e situada em Patrocínio/MG, a Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer) promove a qualidade dos cafés e o trabalho dos cooperados no Brasil e no mundo, por meio de iniciativas socioambientais relevantes e movimentação da economia de toda a região. A infraestrutura da cooperativa contempla dois armazéns com capacidade para mais de 1 milhão de sacas. Atualmente são atendidos mais de 740 produtores, com exportação para mais de 35 países, nos 5 continentes.