Usada pelo intestino como fonte de energia, a glutamina atua no equilíbrio do metabolismo de aminoácidos e ajuda a construir e a conservar a musculatura. Além disso, ela regula a barreira do intestino e atua no sistema imunológico, combatendo infecções e beneficiando a função intestinal por meio de uma melhor absorção de nutrientes.

A glutamina é o aminoácido mais abundante do corpo e 80% de sua produção ocorre naturalmente no organismo. Os outros 20% podem ser encontrados por meio da ingestão de alimentos que contenham proteína, como carne, frango, leite, ovo e leguminosas, além de suplementos.

A suplementação de glutamina deve ser indicada por profissional médico ou nutricionista. É preciso levar em consideração as necessidades específicas de cada indivíduo, como a ingestão alimentar, a presença de alterações metabólicas e a prática de atividade física.

Uso em transtorno de desequilíbrio da flora intestinal

Uma revisão científica e clínica realizada pela pesquisadora francesa Najate Achamrah e publicada na Current Opinion in Clinical Nutrition & Metabolic Care avaliou a suplementação de glutamina em pessoas com qualquer forma de disbiose intestinal. Trata-se de um transtorno em que as bactérias da flora ficam em desequilíbrio devido à exposição ao uso de álcool em excesso, a antibióticos, ao estresse e à dieta inapropriada.

Para proteger o corpo humano da invasão de microrganismos e toxinas, conforme o levantamento, é preciso ter uma barreira intestinal intacta e, ao mesmo tempo, aberta para absorver fluidos e nutrientes essenciais.

A pesquisa ressalta que a glutamina é um dos principais nutrientes que mantém o papel dessa permeabilidade intestinal. Nesse sentido, a revisão concluiu que, apesar de serem necessárias mais avaliações da suplementação de glutamina na prática clínica, a substância pode melhorar a permeabilidade intestinal em algumas situações e em diversas condições experimentais.

Benefícios para doenças inflamatórias no intestino

Os efeitos da glutamina e de probióticos no tratamento da retocolite ulcerativa, doença inflamatória intestinal, foram analisados em um estudo publicado na Revista Saúde em Foco. Os resultados mostraram que a dieta com glutamina é mais eficaz no tratamento da doença, pois acelera o processo de restauração da mucosa intestinal. Já os probióticos apresentaram melhoras apenas dos sintomas.

Suplemento para pacientes com doenças graves

Pesquisa feita pelo professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Francisco Lopes-Paulo, publicada na Revista Brasileira de Coloproctologia, também destacou a aplicabilidade clínica da suplementação de glutamina. Dessa vez, foi avaliado como a concentração desse aminoácido no sangue diminui consideravelmente em pacientes com doenças graves.

O estudo ressalta que pessoas mantidas por longos períodos com nutrição parenteral e dieta zero podem desenvolver alterações, como a atrofia das vilosidades do intestino delgado, parte responsável por aumentar a absorção dos nutrientes após a digestão.

Segundo a pesquisa, a ingestão oral de alimentos tem função essencial para manter os papéis da mucosa e, conforme revisado pelo levantamento, “estudos recentes têm obtido resultados favoráveis em impedir essas alterações, adicionando glutamina às soluções de nutrição parenteral”.