PUBLICADO EM:
10/09/2012 04h46
A prática evolução do BlackBerry
Londres – A sombria verdade é que a maior parte do design não é muito boa. Geralmente, é medíocre e, às vezes, péssimo, e é por isso que costumo resmungar tanto nesta coluna sobre os defeitos do design em placas ilegíveis, logotipos pretensiosos, escovas elétricas não recicláveis e assim por diante.
Londres – A sombria verdade é que a maior parte do design não é muito boa. Geralmente, é medíocre e, às vezes, péssimo, e é por isso que costumo resmungar tanto nesta coluna sobre os defeitos do design em placas ilegíveis, logotipos pretensiosos, escovas elétricas não recicláveis e assim por diante.
Após haver reclamado das coisas de que não gosto, parece justo celebrar o design de algo de que gosto – meu novo smartphone BlackBerry Bold 9900. Eu não chegaria ao ponto de descrevê-lo como um grande design, mas é de longe o melhor dos cinco BlackBerries que usei nos últimos seis anos, o que me fez ver o quanto a maneira pela qual julgamos os méritos do design de produtos em particular mudou nesse meio tempo.
Talvez eu deva explicar que não sou usuária do BlackBerry por escolha. Quando o BlackBerry surgiu em 1999, eu não gostei. Os produtos pareciam insípidos, bem como sua imagem. Quem desejava ser associado a servos corporativos colados a seus "crackberries", examinando nervosamente memorandos departamentais? A marca com nome de fruta era abominavelmente derivada da Apple, e o nome do fabricante do BlackBerry, Research in Motion (pesquisa em movimento, em tradução literal), soava indesculpavelmente pomposo. Era fácil demais imaginar alguém justificá-lo com clichês, dizendo que "pesquisa" dava um tom ponderado e "movimento" era perfeito para um equipamento móvel. Eca.
Contudo, quando eu finalmente sucumbi, fui convencida, como milhões de outros indivíduos, pela conveniência jubilosa (isso se deu seis anos atrás) de enviar e receber e-mails onde quer que estivesse (e o sinal permitisse). Mesmo assim, quando a Apple lançou o iPhone, em 2007, eu troquei imediatamente. Ele prometia fazer tudo que o BlackBerry fazia e mais, além de vencê-lo em visual e carisma. Eu preferia o iPhone em todos os aspectos, menos um e crucial, o teclado. Para alguém feito eu que manda muitos e-mails longos, um teclado sensível ao toque como o do iPhone nunca será tão eficiente quanto o antiquado teclado do BlackBerry. Mantive o iPhone pelas coisas divertidas (para usar como um iPod) e retomei o BlackBerry para todo o resto.
Voltando ao 9900, vou começar pela forma como ele funciona. Vale a pena mencionar que é mais rápido, leve e mais eficiente que seus predecessores e tem maior poder de processamento, mais funções, mais memória e câmera melhor? Provavelmente não. Antes, tais características bastariam para nos convencer de que um novo equipamento digital era bem projetado, porém, hoje em dia, as encaramos como favas contadas. Ficaríamos ressentidos se um novo telefone não contasse com esses recursos, mas eles não mais o fazem parecer especial, ao menos não sozinhos.
O 9900 tem problemas funcionais, principalmente a velocidade com que consome sua bateria. (Uma amiga passou a carregar uma bateria reserva caso não consiga recarregar o seu aparelho na frequência necessária.) Contudo, o BlackBerry também progrediu numa área cada vez mais importante do design: o programa operacional que determina como utilizamos produtos digitais feito o BlackBerry. O botão "ligar" não tem mais a tendência de ser ativado por acidente, o que costumava acontecer com meus telefones em voos de longa duração, acumulando tarifas de transferências mongóis em viagem à China. Ficou mais fácil acessar a ampla gama de funções do 9900 do que nos antecessores e entrar no Facebook ou Twitter. Ampliar ou reduzir imagens também se tornou mais simples e o teclado dá a impressão de ser mais elástico. Por menores que tais mudanças pareçam, elas podem resultar numa grande diferença na experiência de utilizar produtos digitais num momento em que estes se tornam mais complexos.

