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Professora de História mais famosa da cidade sofre sem apoio para publicar livro


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  • mell280

23/08/2016 12h00

Professora de História mais famosa da cidade sofre sem apoio para publicar livro

Naiane Mesquita


 O motivo da fala embargada é a segunda negativa do FIC (Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul) em financiar o livro “Mato Grosso do Sul – A Construção de um Estado”, que tem cerca de 400 páginas com histórias e informações sobre municípios daqui. A pesquisa tem investimentos do próprio fundo, do ano de 2007, quando ela recebeu recursos para levantar dados sobre as cidades. Andou de ônibus e carro por toda a extensão, visitando as 79 divisas. Por cada uma tem um carinho que transborda. Na época, nem mesmo um problema de saúde grave nos olhos se tornou um impedimento. Quando recebeu alta, rodou sem parar.

 
Livro tem mais de 15 mil fotos (Foto: Fernando Antunes)Livro tem mais de 15 mil fotos (Foto: Fernando Antunes)

“Esse projeto tem como finalidade revelar a história de Mato Grosso do Sul, de todos os 79 municípios. O relatório que eu tenho da pesquisa e foi entregue para o FIC, o Governo do Estado, em 2009 tem apenas três cópias, sendo que uma ficou comigo, e só serve como prestação de conta da pesquisa que eu fiz, do dinheiro que eu peguei. O projeto era para a pesquisa, agora eu entrei com outro para a publicação do livro”, explica Alisolete.

Professora e doutora em História, Alisolete tem dois livros publicados, um sobre “São Gabriel do Oeste - Memória e imagens de uma história” e outro que conta do “Movimento Divisionista no Mato Grosso do Sul”. De caminhada na educação, mantém anos de carreira na sala de aula, onde começou na educação fundamental e caminhou até o ensino superior, com alunos na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Nos artigos, se orgulha da contribuição para revistas como a Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande) e em jornais, além de ativista na preservação patrimonial, com papel decisivo no primeiro tombamento da Antiga Estação Ferroviária de Campo Grande e do canteiro central da Afonso Pena.

Mas, de sonho mesmo, só a publicação do livro sobre Mato Grosso do Sul, a pesquisa que ela define como a da sua vida. “Não quero que ninguém publique isso como homenagem póstuma a Alisolete. Quero que seja uma homenagem a Mato Grosso do Sul”, diz.

 

 
Alisolete tem orgulho da pesquisa que realiza desde 2008 (Foto: Fernando Antunes)Alisolete tem orgulho da pesquisa que realiza desde 2008 (Foto: Fernando Antunes)

Essa é a segunda vez que o projeto é negado pelo FIC. “Em 2013 foi a primeira vez que eu coloquei ele para concorrer e foi negado. Eu acabei deixando de lado, cuidando da saúdee esquecendo. Quando mudou o governo, os amigos ficaram insistindo para eu tentar de novo e eu realmente tentei. Mas, foi negado de novo. Eu não entendo, por isso não consigo esconder minha tristeza”, confessa.

O livro é extenso. Alisolete diz que tem mamis de 15,396 mil fotos de todos os municípios de Mato Grosso do Sul. Segundo informações que recebeu da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, os pareceristas teriam dado uma nota baixa ao projeto, não classificando ele como literatura. “Mas, a literatura aparece. História é tão importante como um poema”, ela defende.

Na memória da professora, o que sobra são momentos de sul-mato-grossenses que não tem conhecimento da importância do território para o País, que vai muito antes da Guerra do Paraguai. “Mato Grosso do Sul começou antes. Isso que as pessoas tem que entender. Tenho mapas que eu fui buscar em Assunção, que meu filho viajou para pegar, que mostram como era o território aqui antes, quando os espanhois andavam por essa região, antes da chegada dos portugueses”, explica.

Da missão jezuíta até a guerra e a divisão do Estado, Alisolete tem muito o que contar. “Sou uma divisionista assumida. Amo meu Mato Grosso do Sul e gostaria que as pessoas vissem as belezas que existem em cada região, que o corumbaense conheça Paranhos, que quem mora em Ponta Porã saiba sobre Chapadão do Sul. O Estado vai muito além de Bonito”, acredita.

Na luta, Alisolete busca novas formas de publicar o livro. “Me falaram que pode ser algo para a comemoração de 40 anos de Estado. O taxista que sempre me traz em casa e pergunta do livro, falou para eu procurar os municípios, a Assomassul. Todos querem colaborar. Eu ainda tenho esperança que isso mude e que eu consiga publicar o livro”, admite.





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