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Costa diz ter recebido US$ 1,5 mi para facilitar compra de refinaria nos EUA


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22/01/2015 19h36

Costa diz ter recebido US$ 1,5 mi para facilitar compra de refinaria nos EUA

G1


 Segundo Costa, "boatos" que circulavam na empresa indicavam que "o grupo de Nestor Cerveró [ex-diretor da área internacional], incluindo o PMDB e Fernando Baiano [lobista que atuava na Petrobras], teria dividido algo entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões, recebidos provavelmente da Astra" – a Astra Oil é a empresa que vendeu a refinaria para a Petrobras.

O depoimento de Paulo Roberto Costa sobre Pasadena foi disponibilizado nesta quinta-feira (22) no andamento processual da Operação Lava Jato, que investiga esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Em setembro, o Jornal Nacional tinha antecipado a informação de que Paulo Roberto Costa recebeu propina pela compra da refinaria. Após ter feito acordo de delação premiada, Costa está em prisão domiciliar, no Rio de Janeiro. Cerveró e Baiano estão presos na carceragem da PF em Curitiba. Os três são réus em processos da Lava Jato.

O advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, negou ao G1 que o ex-diretor da Petrobras tenha recebido propina referente à compra de Pasadena. “O Cerveró nunca teve o poder de decisão. Só quem detinha o poder de decisão era o Conselho de Administração da Petrobras. E ninguém paga propina para quem não tem o poder de decisão”, disse. Ribeiro também disse que é preciso analisar as declarações de Paulo Roberto Costa “com reservas”. “Ele estava sob pressão [...]. Suas declarações não podem ser consideradas voluntárias, espontâneas, livres de constrangimento como determina a lei”, completou. O G1 não tinha conseguido contato com representantes do PMDB e de Fernando Baiano até a última atualização desta reportagem.

Em 2006, a Petrobras pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria (US$ 190 milhões pelos papéis e US$ 170 milhões pelo petróleo que estava em Pasadena). O valor é muito superior ao que foi pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42,5 milhões. Em 2008, a Petrobras e a Astra Oil se desentenderam, e uma decisão judicial obrigou a estatal brasileira a comprar a parte que pertencia à empresa belga. Assim, a aquisição da refinaria de Pasadena acabou custando US$ 1,18 bilhão à petroleira nacional, mais de 27 vezes o que a Astra teve de desembolsar.

No depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou que a compra da refinaria "não foi um bom negócio" e que era "tecnicamente inadequada". Para defender a compra da refinaria em reunião de diretoria da empresa, Costa disse ter recebido do lobista Fernando Baiano – suposto operador do PMDB, o que o partido nega – uma oferta de US$ 1,5 milhão, quantia que foi aceitada em uma conta em um banco em Lichtenstein. Ele disse acreditar que o dinheiro tenha sido pago pela Astra.

Paulo Roberto Costa afirmou que foi apresentado a Fernando Baiano por Cerveró entre o fim de 2005 e início de 2006 e que antes disso somente "ouvia falar" do lobista, embora soubesse que ele tinha uma "atuação forte no âmbito da diretoria internacional [ocupada por Cerveró], representando os interesses do PMDB".

Segundo Costa, no âmbito da diretoria da Petrobras, a compra de Pasadena foi decidida por unanimidade. Ele afirmou que não sabe se houve oferta de propina a outros membros da diretoria para assegurar a aprovação do negócio.

Indagado pelos investigadores da Lava Jato sobre um relatório de uma consultoria externa que deu parecer contrário à compra da refinaria, Costa disse não lembrar se o relatório foi anexado ao documento levado para aprovação da diretoria. Segundo ele, caberia a Cerveró, diretor da área internacional, levar à reunião esse tipo de informação.

O ex-diretor declarou no depoimento que era de conhecimento da diretoria que, para Pasadena "se tornar útil" para a Petrobras, seria necessário um investimento inicial elevado – de US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões – porque se tratava de uma refinaria "velha" e que "não era adequada" para o refino de petróleo do tipo que a Petrobras exportava.

De acordo com Paulo Roberto Costa, os investimentos da companhia no exterior sofreram uma redução depois da descoberta de petróleo na camada pré-sal, mas, se tivesse ocorrido o processo de reforma e ampliação de Pasadena, as empreiteiras Odebrecht e UTC, investigadas na Lava Jato, seriam contratadas para a obra. Segundo ele, essa contratação seria coordenada por Renato Duque, então diretor de Serviços, que chegou a ser preso – e solto posteriormente – na sétima fase da Operação Lava Jato.

 





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